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Pesquisas apontaram tendência, dizem institutos

Responsáveis pelos levantamentos explicam que objetivo é indicar movimentos, e não fazer retratos de momentos

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Por Lucas de Abreu Maia
Atualização:

O roteiro é o mesmo desde 1989: no dia seguinte às eleições, políticos de todos os partidos entram em cena para criticar os institutos de pesquisa. 

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Aqueles cujas votações foram acima do previsto pelas sondagens de intenção de voto dizem-se vítimas (e os que surpreenderam negativamente correm para os bastidores). Os responsáveis pelos levantamentos de opinião pública, no entanto, defendem-se com o argumento de que pesquisa é filme, não fotografia.

Na teoria, um levantamento de opinião pública retrata um dado momento em um processo. Se o cenário não é estático - e, numa campanha eleitoral, ele nunca é -, uma nova pesquisa, feita um dia depois da sondagem original, pode apurar números muito diferentes dos da anterior. Ou, como explica Marcia Cavallari, CEO do Ibope inteligência, “o objetivo das pesquisas não é prever o resultado, é contar a história das eleições.”

Em 2014, as críticas concentraram-se nos resultados previstos para Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Enquanto a presidente e candidata a reeleição teve desempenho nas urnas abaixo do previsto nas sondagens de véspera, o senador tucano surpreendeu positivamente. De acordo com a média Estadão Dados - que leva em consideração as pesquisas nacionais, atribuindo-lhes peso diverso de acordo com o histórico de acertos -, Dilma tinha 45% das intenções de votos válidos; Aécio ficava com 27% e Marina Silva (PSB) aparecia com 24%. O resultado foi 42%, 34% e 21%, respectivamente.

Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, acrescenta que o eleitor brasileiro tem decidido o voto cada vez mais tarde. É, portanto, difícil prever precisamente o resultado da votação quando há uma maior movimentação de última hora, como foi o caso do crescimento de Aécio neste ano. “O eleitor espera o noticiário de sábado à noite, o jornal de domingo de manhã para decidir o voto. E isso não pode ser medido pelas pesquisas de sábado de manhã.”

Desde 2002, segundo estudo do Estadão Dados, os institutos de pesquisa tendem a superestimar o desempenho dos candidatos petistas no primeiro turno das eleições presidenciais. Há várias explicações para esse fenômeno - nenhuma das quais pode ser diretamente controlada nas pesquisas. 

“Uma hipótese é que o eleitor de menor renda e escolaridade tem mais dificuldade de concretizar na urna sua intenção de voto, e esse eleitorado tem se identificado mais fortemente com o PT nas últimas eleições”, afirma a CEO do Ibope.

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A ordem de votação na urna tampouco facilita a vida do eleitor. “Pode haver uma confusão por primeiro votar-se para deputado estadual, deputado federal, senador, governador e, enfim, presidente”, aponta Marcia Cavallari.

O levantamento do Estadão Dados - que considerou as pesquisas de véspera e o resultado das urnas desde 2002 - revela, no entanto, que no segundo turno o filme é outro. Ibope e Datafolha preveem o resultado com menos de um ponto de distância do apurado nas urnas.

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