Para Dilma, há 'pessimismo inadmissível' em relação ao País

Presidente fala sobre os desafios para combater os reflexos da crise internacional no Brasil e e critica imprensa por provocar 'tempestade'

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Por Ricardo Della Coletta e Ricardo Brito
Atualização:

 Brasília - A presidente Dilma admitiu nesta segunda-feira, 28, que houve um erro no enfrentamento à crise econômica mundial."Todos nós erramos porque a gente não tinha ideia do grau de descontrole que o sistema financeiro tinha atingido". Segundo ela, o trabalho foi grande para impedir o tradicional efeito da crise, que era desempregar e arrochar o salário e fazer com que a população "pagasse o pato da crise". A presidente aproveitou ainda para voltar a criticar o "pessimismo inadmissível" em relação à economia do País, comparando com o que, segundo ela, aconteceu na organização da Copa do Mundo de futebol.

Dentre os pontos citados pela presidente, está a previsão de que haveria uma crise no setor elétrico durante o evento internacional. Segundo ela, há no Brasil um jogo de "pessimismo inadmissível". Ela destacou que, apesar de toda a tempestade que toda a mídia encampou, ela não ocorreu. "Toda a mídia apostou na tempestade perfeita. Crise cambial, o Brasil ia sofrer crise e, com isso, a economia ia entrar num processo caótico", disse, lembrando que o País tem uma política monetária séria, um processo bastante produtivo.

Presidente citou previsão de que haveria crise no setor elétrico durante a Copa Foto: ANDRE DUSEK/Estadão

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"Como esse País vai entrar numa crise cambial dessa proporção? Não tem fundamento sólido. Dos 20 maiores países, me diz quantos fazem superávit? Seis, um é o Brasil", afirmou a presidente.   

A presidente defendeu ainda a condução da política econômica feita por seu governo e destacou que o desemprego está nas suas menores taxas históricas. “O setor que fizemos mais emprego foi a indústria”, disse. Ela afirmou ainda que não há indicação no Brasil de demissões ou da interrupção da busca de emprego por desalento. Ela defendeu as políticas do governo para a indústria e para o setor de infraestrutura, citando que o Programa de Sustentação de Investimento (PSI) resultou em aportes de R$ 200 bilhões. “Teve candidato que dizia que a gente tinha que parar de subsidiar a indústria”, provocou, referindo-se ao tucano Aécio Neves. Destacando que seu governo será, ao final deste ano, aquele que mais investiu em infraestrutura. Dilma afirmou que o País terá um “momento de retomada” e deverá inaugurar um novo ciclo de produtividade. Dilma participou nesta tarde de sabatina promovida pelo jornal Folha de S.Paulo, pelo portal UOL, pelo SBT e pela rádio Jovem Pan. A entrevista foi realizada no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República em Brasília. Os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), já foram sabatinados na semana retrasada.

Inflação. Outro ponto abordado pela presidente durante a sabatina foi o combate à inflação. "A inflação desorganiza a economia, não permitiremos que essa praga volte a corroer nosso tecido econômico", disse Dilma discorda da ideia de que tenha havido algo errado no combate à inflação. Ela lembrou que o sistema de metas é de 1999 e tem, portanto, 15 anos. Segundo Dilma, a inflação "não está descontrolada". "Asseguro que ela ficará abaixo do limite superior da meta. Sempre se mediu a inflação anualizado. Está a 0,02% acima do limite, e em trajetória decrescente", afirmou. A presidente destacou que a inflação medida no seu governo e do ex-presidente Lula foram menores que a medida no governo Fernando Henrique Cardoso. "No meu período, a inflação, se você comparar os primeiros anos dos governos, os meus e do Lula se calibram, o meu um pouco menor, porque o Lula pegou a taxa de inflação de 12%, na época do FHC. Usam dois pesos e duas medidas. A inflação não está descontrolada, está no centro. Ela está no teto da banda e vamos ficar nesse teto da banda."

 

 

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