RIO- A vitória no Rio de Janeiro contribuiu – e muito – para garantir a Dilma Rousseff (PT) mais quatro anos no Planalto. O Estado fluminense deu a ela 4.488.183 votos (54,94% dos válidos), ante 3.681.088 do tucano Aécio Neves (45,06%) – vantagem de 807.095. No entanto, em comparação com o pleito de 2010, a candidata petista perdeu quase 500 mil votos no 2.º turno deste ano, um recuo em pontos porcentuais de 5,54. Em contrapartida, apesar da derrota, o PSDB obteve avanço de 5,55 pontos porcentuais na votação de 2014 – há quatro anos, José Serra teve no Estado 3.223.891 votos (39,51% válidos). No período entre as eleições, o universo de votantes aumentou em 545.198 eleitores, 4,7% a mais que 2010.
A soma de abstenção, brancos e nulos subiu em números absolutos, mas caiu porcentualmente. Foi de 3.426.467 “não-votos” para 3.965.690, mais 15,73%, com recuo em relação ao total de eleitores inscritos de 37,44% para 35,65%.
A abstenção, sozinha, apresentou o mesmo comportamento em 2014 sobre 2010: cresceu absolutamente (mais 277.513), mas caiu em termos proporcionais (menos 4,27%). Como possível fruto da polarização da campanha no Estado, os votos brancos para presidente caíram 51.898 (menos 16,5%).
Os votos nulos, porém, cresceram segundo os dois critérios. Passaram de 676.712 para 990.320 votos, mais 313.608, e foram de 7,39% para 10,51% do total. Como o eleitorado fluminense tem escolaridade alta em relação ao de Estados mais pobres, a possibilidade de esses votos terem sido anulados por engano, por eleitores analfabetos ou semialfabetizados, é menor.
O mais provável é que tenham sido expressão de protesto contra a política ou de insatisfação com os dois finalistas na corrida presidencial.
Subúrbio. A maior parte da vantagem de Dilma no Rio, de 807.095, votos foi obtida fora da capital. Na cidade do Rio de Janeiro, a presidente reeleita teve 1.625.722 (50,79%), contra 1.575.333 (49,21%) de Aécio – apenas 50.389 mais para a candidata do PT à reeleição.
Os restantes 756.706 votos pró-Dilma saíram das demais regiões, notadamente de municípios periféricos. Em São Gonçalo, segundo colégio eleitoral do Estado, Dilma teve 68,03% dos votos válidos, contra 31,97 para Aécio. A vantagem dela foi de 163.970, 20% da dianteira obtida pela presidente sobre o adversário em território fluminense.
Herança. No 2.º turno estadual, não é possível uma comparação direta, já que o então governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) foi reeleito em 2010 no 1.º turno com 66,08% da votação. Mesmo assim, alguns contrastes chamam a atenção. O governador Luiz Fernando Pezão, seu sucessor e afilhado político, obteve em 2014, no 2.º turno, 4.343.298 (55,78%), menos 874.674 votos que os 5.217.972 obtidos por Cabral. Pezão derrotou Marcelo Crivella (PRB), que conseguiu 44,22%.