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'Ninguém governa sem o PMDB', afirma Beto Albuquerque

Deputado e vice na chapa da candidata do PSB sinaliza que em um eventual mandato Marina manteria contato com a legenda

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Por Isadora Peron , Lilian Venturini e Ana Fernandes
Atualização:

Atualizado às 22h19

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São Paulo - O candidato a vice-presidente pelo PSB, Beto Albuquerque, afirmou nesta quarta-feira, 17, que “ninguém governa sem o PMDB, mas não é preciso entregar o governo para ter governabilidade”. Parceiro de chapa de Marina Silva, ele disse na série Entrevistas Estadão que é possível encontrar bons nomes “no PT, no PSDB e até no PMDB”. “Se queremos fazer a mudança, não podemos nos curvar nem achar que será fácil.”

Deputado federal há quatro mandatos, Beto foi líder do PSB na Câmara e era um dos nomes mais próximos de Eduardo Campos na sigla. Alinhado com as declarações tanto do ex-candidato, morto em acidente aéreo em 13 de agosto, quando de Marina, o candidato a vice não chegou a usar o termo “velhas raposas”, como o ex-governador fazia, mas mirou os mesmos alvos.

“Por que eu, no governo, tenho que perguntar para (o presidente do Senado) Renan Calheiros quem devo indicar para ministérios ou para a Transpetro?”, questionou Beto. “Não que as indicações de partidos e lideranças sejam ruins. Mas tem que ter perfil. Fizemos isso em Pernambuco com Eduardo Campos e tivemos governabilidade.”

“Edison Lobão não entende nada de energia. Se não, não deixaria a presidente fazer demagogia com a conta de luz”, justificou. “Nosso governo não vai indicar gente inapta porque é pedido de alguém.”

Beto classificou como “infâmia” a propaganda do PT que insinua que Marina não daria importância para a exploração do pré-sal. “Quero reiterar aqui nossa inteira concordância com a exploração do pré-sal. Foi uma infâmia, de baixo nível, dizer que nós não executaríamos o pré-sal.”

Produtividade. Ao ser escolhido vice na chapa do PSB, Beto chegou a ser chamado de “ruralista”, o que ele disse que seria uma “honra”, mas não correspondente à verdade. “Sou filho de um Estado onde o agronegócio é uma chave muito grande para o desenvolvimento.”

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O candidato disse que o agronegócio não precisa se preocupar com a atualização dos índices de produtividade agrícola previsto no programa de governo do PSB. “Os índices vêm da época da ditadura. Ele foi criado como um elemento de punição, mas nós achamos que hoje esse índice deve ser usado para premiar”, explicou, citando como exemplo maior acesso a crédito. “Hoje, o agricultor que não tiver produtividade vai ser desapropriado pelo mercado, e não pelo governo.”

Ao falar em desapropriações, Beto reiterou o compromisso assumido por Marina de assentar em quatro anos as 85 mil famílias sem acesso à terra, segundo os movimentos sociais. O índice seria superior ao obtido em oito anos tanto por Luiz Inácio Lula da Silva quanto Fernando Henrique Cardoso. 

“Reforma agrária hoje no Brasil não precisa mais ser sob conflito”, disse Beto. “Há recursos para desapropriar as áreas. É mais fácil comprar do que partir para um grande litígio que a desapropriação propõe.”

O candidato disse ver o setor menos resistente a Marina. “Quando ouvem Marina falar, mudam de ideia. Ela não é a radical ou a ‘ecochata’ que se plantou em 2010”, disse. 

Reforma. Beto reiterou o compromisso com a reforma tributária e propôs vincular a proposta à renegociação da dívida dos Estados como contrapartida. “Vamos ganhar a eleição primeiro e logo no começo do governo vamos mandar para o Congresso o projeto de lei que altere a reforma tributária”, afirmou. 

Beto defendeu a proposta de independência do Banco Central, atacada pelo PT. “Essa autonomia (operacional) que está aí hoje, alguém tem coragem de dizer que está dando certo?” Para ele, é ruim o presidente do BC estar sujeito a “puxão de orelha do presidente de plantão”.

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