Marina Silva tenta se desvincular de jatinho de Campos

Em entrevista ao Jornal Nacional, candidata do PSB afirma que responsabilidade sobre uso de avião era de comitê de Eduardo Campos

Por Isadora Peron e Ana Fernandes
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A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, disse nesta quarta-feira que não sabia de nenhuma irregularidade no uso do jato no qual Eduardo Campos e mais seis pessoas se acidentaram no litoral paulista. Segundo a ex-ministra, o avião havia sido emprestado à campanha e o partido se comprometera a fazer o pagamento de todas as horas de voo após as eleições, por meio do comitê financeiro do então candidato do PSB. “Nós tínhamos a informação de que era um empréstimo e que seria feito um ressarcimento, pelo comitê financeiro do candidato, dentro do prazo legal”, afirmou Marina em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo. A candidata disse ainda que “não tinha nenhuma informação quanto a qualquer ilegalidade referente à postura dos proprietários do avião”, e defendeu que o possível uso de empresários como laranjas para a compra da aeronave seja investigado com rigor. Pouco antes da entrevista, o Jornal Nacional havia exibido reportagem mostrando evidências do suposto uso de empresas de fachada para viabilizar o financiamento do jatinho, utilizado por Campos na campanha. A reportagem trouxe imagens tanto de Campos como de Marina usando a aeronave. A Polícia Federal investiga o caso e uma das hipóteses é que a aeronave tenha sido comprada com recursos de caixa 2. Marina afirmou que respeita a imprensa, mas que é preciso esperar o fim das investigações da Polícia Federal “para que não se cometa uma injustiça com a memória de Eduardo”. Questionada sobre qual seria a diferença entre a sua postura e a de políticos em geral quando confrontados com uma denúncia, Marina afirmou que o seu “compromisso com a verdade” não se tratava de “retórica”. Ela disse ainda que não tentava “tangenciar ou se livrar do problema”, e, sim, procurava enfrentá-lo para que a sociedade pudesse ter acesso a todas as informações envolvendo o caso. Até ser confrontada pelos apresentadores do JN, no entanto, Marina se recusava a responder a perguntas sobre o caso. Quando questionada, passava a palavra para o seu candidato a vice, Beto Albuquerque (PSB). Na terça-feira, o PSB afirmou em nota que o Cessna Citation 560 XLS usado por Campos havia sido cedido para a campanha por dois empresários pernambucanos. Acre. Marina também foi questionada sobre por que ficou em terceiro lugar nas eleições de 2010 no seu Estado natal, o Acre. “É muito difícil ser profeta em sua própria terra”, disse. Ela afirmou que não conquistou a aprovação em seu berço político por ter contrariado interesses locais. Para exemplificar, citou seu trabalho como ministra do Meio Ambiente, quando exigiu que a construção de uma estrada no Acre fosse liberada apenas com todas as certificações ambientais aprovadas. “Cheguei a ficar quatro anos sem poder andar na metade do meu Estado”, disse. “Mas não podia trocar o futuro das próximas gerações pelas eleições.” A candidata argumentou que essa é uma postura que pretende manter, caso eleita presidente. Ressaltou que, por isso, assumiu o compromisso de não concorrer à reeleição. Ela também defendeu a indicação de Beto Albuquerque para ser seu vice, mesmo que eles tenham posições diferentes sobre alguns assuntos. Marina, no entanto, classificou como “lenda” a versão de que é contra o plantio de transgênicos. A média do Ibope do telejornal de quarta-feira foi 19 pontos. Cada ponto equivale a 65 mil domicílios na Grande São Paulo.

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