Marina classifica PEC do Teto como 'irresponsável' e 'populista'

Para a líder da Rede, o controle dos gastos públicos deveria ser feito via lei orçamentária e não com alteração na Constituição

Por Isadora Peron
Atualização:

BRASÍLIA - Pré-candidata da Rede à Presidência, a ex-ministra Marina Silva classificou como “irresponsável” e “populista” a PEC do Teto, que impõe um limite para os gastos públicos nos próximos 20 anos. O projeto foi aprovado em 2016, e considerado uma das principais medidas da área econômica do governo do presidente Michel Temer.

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“As políticas públicas no Brasil estão sofrendo um golpe, sobretudo com atitude irresponsável do governo em congelar os gastos em 20 anos. Os mais afetados serão os índios, porque nesse congelamento quem está pagando o preço é a saúde, educação, é o cuidado com as comunidades mais vulneráveis”, disse Marina.

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Para Marina, o controle dos gastos públicos deveria ser feito via lei orçamentária e não com a aprovação de uma alteração na Constituição. “Ele deveria fazer isso pela lei orçamentária e não fazendo populismo através de uma PEC engessando o gasto público, quando a gente tem a expectativa, se Deus quiser, de o País voltar a crescer e poder voltar a aplicar recursos em programas sociais, de saúde, educação, de segurança pública”, afirmou.

Marina também afirmou que, desde que as denúncias contra Aécio surgiram, ela orientou a Rede a pedir a cassação do mandato do tucano no Senado Foto: André Dusek/Estadão

A pré-candidata da Rede participou nesta terça-feira, 24, de uma atividade no Acampamento Terra Livre, onde defendeu a volta da política de demarcações de terras indígenas. Pela manhã, Marina também foi a um evento com estudantes na Ceilândia, região periférica de Brasília.

Críticas a Aécio

Após apoiar Aécio Neves (PSDB-MG) no segundo turno da eleição presidencial em 2014, Marina Silva disse estar “revoltada” com o fato de o tucano ter virado réu por corrupção e obstrução de Justiça no Supremo Tribunal Federal na semana passada. 

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Marina, no entanto, generalizou a situação, e afirmou que “ninguém” teria votado nem Aécio nem na ex-presidente Dilma Rousseff “se soubessem das coisas que eles fizeram”. “Se soubéssemos o que era feito com o dinheiro de Furnas, da Petrobrás, da JBS, ninguém teria votado nem no Aécio nem na Dilma, porque todos praticavam o mesmo roubo do orçamento público”, disse.

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Segundo ela, “todos os brasileiros agora conhecem a verdade” e podem se posicionar. “Eu me sinto revoltada, pois os políticos que poderiam estar ajudando o País, estavam fazendo o que Dilma, o que Aécio, o que (Michel) Temer, o que Romero Jucá, o que (Eliseu) Padilha, o que o senador Renan Calheiros estão fazendo e estão impunes”, disse.

Marina também afirmou que orientou a Rede a pedir a cassação do mandato do tucano no Senado, ao contrário do PT, que se posicionou contra o afastamento do tucano.

A ex-ministra defendeu que além da prisão após condenação em segunda instância, é preciso trabalhar pelo fim do foro privilegiado. Sem citar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, Marina disse que “empresários que não têm foro, políticos que não têm foro, estão pagando pelos seus erros”.

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