Lula refaz pontes com PC do B e PSB por eleição

Recuperado do tratamento contra o câncer, ex-presidente assumiu costuras para repactuar apoios de aliados históricos que se estremeceram com PT

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Por JULIA DUAILIBIFERNANDO GALLO
Atualização:

Dois meses após terminar o tratamento de saúde contra o câncer na laringe e voltar à cena política, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a colher os frutos da ação eleitoral em favor de seu candidato a prefeito de São Paulo, o petista Fernando Haddad.

Ontem, Lula se encontrou com o presidente do PC do B, Renato Rabelo, e com Orlando Silva, ex-ministro do Esporte, para discutir os acertos finais do embarque dos comunistas na campanha de Haddad.

No dia anterior, articulara a anulação das prévias realizadas pelo PT no Recife para escolher o candidato a prefeito da cidade. Foi uma sinalização ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB, que apoiava o petista Maurício Rands, derrotado na disputa. A ação de Lula será revertida no apoio do PSB a Haddad.

Com o embarque do PC do B e do PSB na campanha petista, Lula cumpre o papel de principal operador político do governo na eleição, em ação distinta - e complementar - à da sucessora, Dilma Rousseff, que se mantém distante das discussões eleitorais.

A despeito das críticas que os aliados levantaram contra o PT, e que culminaram na crise da base aliada, o ex-presidente deve angariar os apoios que vão garantir a Haddad pelo menos 6 minutos em cada um dos dois blocos do horário gratuito na TV.

A ação coloca Haddad próximo a Serra, que até então liderava a corrida pelo maior tempo de TV. O PSDB, que deve entrar na disputa eleitoral coligado com PSD, DEM, PV e PP, tem, por enquanto, cerca de 6 minutos e 30 segundos em cada um dos blocos.

Os minutos de TV são os ativos mais cobiçados da campanha eleitoral. No caso de Haddad, ganham uma dimensão maior, já que o petista ainda é pouco conhecido pelo eleitor.

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Em nome do espaço na TV, os partidos buscam alianças com outras legendas, oferecendo em troca vice candidatura ou participação no futuro governo, em caso de vitória.

Apesar de o PT dar como certo o apoio do PC do B, os comunistas dizem que ainda não bateram o martelo. "Nosso prazo é 30 de junho. Até lá, muita água vai passar embaixo da ponte. Não temos pressa para tomar a decisão", disse Silva após a reunião.

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Tanto PSB quanto PC do B ainda finalizam entendimentos com o PT por aliança em cidades pelo País. Em uma delas, ambos têm candidatos fortes e disputam o apoio do PT: Foz do Iguaçu (PR). Os petistas também avaliam a possibilidade de abrir mão de candidatura própria em Franca (SP) e em Ferraz de Vasconcelos (SP) em prol dos socialistas. O PC do B pede sinalizações do PT em Porto Alegre e Fortaleza.

No caso do PSB, o acerto depende da situação do presidente estadual, Márcio França. Secretário de Turismo de Geraldo Alckmin (PSDB), França trabalhou pelo apoio aos tucanos. Uma saída seria garantir o apoio do PSB à reeleição de Alckmin.

Os petistas querem que os anúncios das alianças sejam feitos até o dia 2, quando haverá encontro de delegados que referendará a candidatura Haddad.

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