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Lula apoia Temer na vice de Dilma em 2014, afirma o presidente da Câmara

Por Fernando Gallo
Atualização:

O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou ontem, após encontro de quase duas horas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que Lula "foi muito afirmativo" ao sustentar que a vaga de vice na chapa de Dilma Rousseff em 2014 continuará com o PMDB. Segundo Alves, o posto seguirá nas mãos do atual vice-presidente da República, Michel Temer.As declarações foram feitas semanas após Lula avaliar com aliados que um dos principais cenários com o qual o PT deveria trabalhar para as eleições do ano que vem era o de ceder a cabeça de chapa na eleição de São Paulo ao PMDB como forma de tentar evitar um voo solo do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), no pleito presidencial. Nesse desenho, o PT apoiaria Temer em São Paulo e liberaria a vaga de vice de Dilma para ofertá-la a Campos. O PMDB, contudo, rechaçou a hipótese e reafirmou a intenção de permanecer com o posto.De acordo com Henrique Alves, Lula desistiu da ideia. "Ele foi muito afirmativo de que essa aliança, pelo seu êxito, deve perdurar, deve se manter", disse o presidente da Câmara. "Essa relação Dilma e Michel, a meu ver, é uma coisa consolidada, resolvida. Senti isso claramente nas palavras do presidente Lula hoje."Alves classificou como "quase perfeita" a relação entre PT e PMDB e disse que Lula a "vê com muito bons olhos" e a "aplaude muito". "Pela vontade dele, e nossa também, vai continuar."O presidente da Câmara afirmou ainda que o ex-presidente "revelou um imenso apreço e um carinho muito grande" por Temer e acrescentou que Lula marcará uma conversa com o vice-presidente nos próximos dias. Temer nunca foi da ala do PMDB preferida por Lula, que tem mais afinidades, por exemplo, com o governador do Rio, Sérgio Cabral. No evento de anteontem em que lançou a candidatura de Dilma à reeleição, Lula defendeu o amplo arco de alianças mantido pelo PT no governo federal - onde o PMDB é o parceiro preferencial - e afirmou que "foi a teoria do 'Lulinha paz e amor'" que fez com que o PT criasse uma base aliada com "partidos que pensam diferente". "Sabemos o quanto é importante manter uma base aliada com gente que a gente até não gosta. Ora, não é pra casar!", discursou.Em 2009, quando o PT decidiu que a vice de Dilma seria do PMDB, Lula chegou a dizer que o "correto" não seria que os peemedebistas impusessem um "nome forte", mas que oferecessem uma lista tríplice para a então ministra para que ela pudesse escolher. Lula não queria Temer no posto, e sim que ele fosse cedido ao então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A ideia foi prontamente rechaçada por Temer, na ocasião presidente do PMDB: "É possível que o partido resolva indicar uma lista sêxtupla. Mas essa é decisão do PMDB, não é uma decisão externa ao partido". A escolha de Temer como vice contou com o apoio da maioria do PMDB. Foi uma das poucas derrotas de Lula.Mensalão. Alves negou que tivesse tratado com Lula da questão dos mandatos dos deputados condenados no caso do mensalão e reafirmou a disposição de decretar o afastamento deles da Casa quando o Supremo encerrar o julgamento de recursos.

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