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‘Linha privada’ do Metrô vira alvo de investigação

Promotoria paulista apura denúncia anônima segundo a qual consórcio que cuida da Linha 4-Amarela pagou propina a diretores da estatal de trens

Foto do author Fausto Macedo
Por Fernando Gallo e Fausto Macedo
Atualização:

O Ministério Público de São Paulo investiga a denúncia feita por um funcionário do Metrô segundo a qual dois ex-diretores e um ex-gerente da estatal enriqueceram ilicitamente. Um deles, segundo esse funcionário, recebeu propina da Via Quatro, empresa privada que opera a Linha 4 (Amarela). Outro, de acordo com a acusação, era sócio oculto de uma empresa do cartel e montou uma construtora com dinheiro de propina.A representação, de duas páginas, foi protocolada na segunda-feira na Promotoria e não foi assinada. Contudo, promotores informaram ao Estado que sabem quem é seu autor. O servidor não quis prestar depoimento por temer retaliações.A existência da denúncia foi revelada ontem pelo Jornal Nacional, da TV Globo. Seu texto afirma que o ex-diretor de operações do Metrô Décio Tambelli "recebia propina da concessionária Via 4 (Via Amarela)". Até novembro de 2013, Tambelli era coordenador da comissão do Metrô que fiscalizava as concessões de serviços públicos - ou seja, era o responsável por fiscalizar a empresa. De acordo com a acusação anônima, ele chefiava um esquema que beneficiava as empresas do cartel de trens.É a primeira vez que a Linha 4, a única operada pela iniciativa privada, é citada em corrupção no caso do cartel. Até agora, as denúncias envolviam linhas operadas pelo próprio Metrô.O funcionário do Metrô também afirma que o ex-gerente de manutenção Nelson Scaglione "tinha ou tem uma empresa de construção de casas de alto padrão constituída com dinheiro de propina". Sustenta ainda que ele era "sócio oculto" da MGE Transportes, uma das empresas do cartel, e lhe "passava informações privilegiadas".Patrimônio. Tambelli e Scaglione já haviam sido citados como recebedores de propina em carta produzida pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, principal delator de corrupção envolvendo o cartel. Segundo o executivo, ambos estão "há mais de dez anos na folha de pagamento da MGE", empresa que, para investigadores, era subcontratada pela Siemens para pagar propina. Rheinheimer afirmou que ambos levavam "uma vida incompatível com sua remuneração" no Metrô.Tambelli e Scaglione foram exonerados dos cargos de confiança. Por serem servidores de carreira, seguem no Metrô.O denunciante anônimo ainda afirma que o ex-diretor do Metrô Sérgio Correia Brasil, que também foi gerente de compras da companhia, "dava aval para a contratação de empresas do cartel, notadamente a MGE". Ele também afirma que Brasil é "proprietário de um iate, localizado em marina do Guarujá", litoral de São Paulo.De acordo com a denúncia, "os três representados (Tambelli, Scaglione e Brasil) são amigos e enriqueceram ilicitamente juntos". Eles "têm patrimônio altíssimo, incompatível com os vencimentos no Metrô". O funcionário diz que "obtiveram vantagens" com a venda de sucata do Metrô".

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