Horário eleitoral: Apelos, críticas e homenagens

Partidos apresentam estratégias nas propagandas de TV e rádio

Foto do author Pedro  Venceslau
Por Ricardo Galhardo , Isadora Peron e Pedro Venceslau
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Ainda sob o impacto da morte de Eduardo Campos, o horário eleitoral gratuito no rádio e na TV começou ontem indicando qual será a estratégia de comunicação de massa dos principais candidatos à Presidência neste início de campanha. A presidente Dilma Rousseff contou com ajuda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para contornar os pontos fracos de seu governo e tentar atrair o eleitorado perdido pelo PT com a promessa de um segundo mandato melhor do que o primeiro. Com o maior tempo de TV entre os candidatos, o marqueteiro João Santana teve espaço para apresentar Dilma nos jardins do Palácio da Alvorada como uma "mulher que acorda cedo, cozinha, cuida do jardim". A primeira parte do programa foi dedicada a justificar pontos fracos do governo, como a economia e mostrar que Dilma "ampliou os programas de Lula e criou ela própria" ações como o Mais Médicos e Pronatec. Coube ao ex-presidente pedir de forma direta um voto de confiança a Dilma, amarrando o pedido a um argumento concreto, seu segundo mandato foi melhor do que o primeiro. "Eu sei que teve gente que votou de novo em mim sem estar 100% satisfeito, mas ninguém se arrependeu. Ao contrário, porque fiz um segundo governo melhor do que o primeiro. Por isso quero falar especialmente para você que está em dúvida se deve votar outra vez na Dilma. Eu lhe peço, vote sem nenhum receio, você não vai se arrepender", disse Lula.

O ex-presidente usou o discurso do medo ao lembrar que "um outro" poderia ter sido eleito em seu lugar e tentado "reinventar a roda". O programa de Dilma terminou com Lula prestando tributo a Campos.

O PSB usou seu espaço exclusivamente para homenagear Campos, sem apresentar a vice Marina Silva como nova candidata do partido à Presidência. Ela aparece em algumas cenas ao lado do então cabeça de chapa, mas não foi citada nominalmente no programa.

A propaganda foi toda narrado por Campos. "Não vamos desistir do Brasil, é aqui onde nós vamos criar nossos filhos, é aqui onde nós temos que criar uma sociedade mais justa."

Ao som de Anunciação, do pernambucano Alceu Valença, o programa misturou cenas gravadas nessa campanha com imagens antigas. O plano é mostrar Marina como protagonista amanhã.

Já o candidato do PSDB, Aécio Neves, começou seu programa fazendo uma homenagem ao ex-governador de Pernambuco, na qual aproveitou para colar seu nome no do avô, Tancredo Neves. "Eduardo e eu nos conhecemos há 30 anos na campanha das Diretas. Eu acompanhando meu avô e Eduardo o seu, Miguel Arraes", afirmou.

Feita a homenagem, o tucano começou um discurso em tom que se dividia entre o solene e o épico e era visto por pessoas em rádios, TVs e celulares em diversas situações e cidades do Brasil. Em sua fala, Aécio não só poupou o ex-presidente Lula e suas duas gestões como exaltou o seu governo. O senador mineiro concentrou suas críticas em Dilma, numa tentativa de polarizar o debate com a presidente e candidata à reeleição. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não apareceu no programa tucano.

"O Brasil de hoje é muito melhor do que era décadas atrás. Mas esse País é uma construção de muitas pessoas e vários governos", afirmou o candidato do PSDB, com a ressalva de que "infelizmente" o Brasil está pior do que estava há quatro anos. "O fato é que algumas das principais conquistas que nos trouxeram até aqui hoje estão em risco. A inflação está aí de novo, batendo na sua porta, entrando na sua casa."

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