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Henrique Alves prepara volta ao Rio Grande do Norte após 44 anos

Presidente da Câmara e deputado há 11 mandatos é favorito ao cargo que já foi de seu pai, mas ex-vice-governador tenta revirada

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Por Redação
Atualização:

Henrique Eduardo Alves (PMDB), deputado federal eleito 11 vezes e presidente da Câmara, levou à campanha pelo governo do Rio Grande do Norte muito do que aprendeu e viveu em 44 anos em Brasília. Apoiado por uma coalizão de 17 partidos apelidada de "acordão", atraiu até uma família arquirrival da sua - os Maias - e chega ao dia de votação na iminência de sair vitorioso das urnas. A dúvida é se isso será suficiente para se eleger neste domingo ao cargo ocupado por seu pai nos anos 60.

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Alves disse ao Estado que vai vencer no 1.º turno, assim como seu adversário, o ex-vice-governador e ex-presidente da Assembleia Legislativa Robinson Faria (PSD), que se recuperou nas pesquisas. No levantamento Ibope divulgado na sexta-feira, Alves tinha 50% dos votos válidos, oito pontos a mais que o adversário, mas o instituto aponta que não é possível afirmar se haverá definição no 1.º turno.

"Robinson tem o voto do petismo, mas está cristalizado. Não vai subir mais do que isso'', disse o senador José Agripino Maia (DEM), neoaliado de Alves.

Alves disse ao Estado que vai vencer no 1.º turno Foto: Divulgação

Faria se apresenta como "o salvador'' do Rio Grande do Norte. Diz que sua candidatura nasceu do diálogo com "pessoas simples''. Alves se define como o mais preparado e bem posicionado politicamente para promover uma "mudança'' econômica do Estado. Ambos repudiam a gestão de Rosalba Ciarlini (DEM), cuja eleição apoiaram em 2010. O vice-governador rompeu com a titular no primeiro ano de mandato. Rosalba tem baixa aprovação, teve a candidatura negada pelo próprio partido e nenhum dos candidatos quis se associar a ela.

No último debate, na terça-feira, os dois candidatos trocaram ataques mútuos. Alves acusou Faria de ter promovido a perfuração de apenas um poço no semiárido potiguar durante seus sete meses na Secretaria de Recursos Hídricos. O candidato do PSD acusou o rival do PMDB de estar envolvido em escândalos de corrupção e de ter, em 44 anos no Congresso, proposto apenas cinco projetos de lei.

Na quinta-feira, a Corregedoria Eleitoral citou Faria e outras quatro pessoas supostamente envolvidas a uma rede de perfis falsos na internet contra Alves. "Isso é o desespero do PMDB'', disse o socialista. "Esse procedimento é sinal de desespero'', rebateu o peemedebista.

Na reta final, a campanha de Alves foi surpreendida com a transmissão de um vídeo no qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dava apoio à candidatura de Faria, que traz em seus cartazes a imagem da presidente Dilma Rousseff (PT). No Estado, Dilma tem 51% das intenções de votos, Marina Silva (PSB), 22%, e Aécio Neves (PSDB), 9%.

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Nem Lula nem Dilma, porém, apareceram no Estado para subir no palanque de Faria. A opção dos petistas causou mágoa em Alves, aliado leal ao Palácio do Planalto na Presidência da Câmara, segundo seus colaboradores. Ele não apoiou nem Marina nem Aécio, candidatos de dois partidos que compõem seu "acordão''. Mas encontrou-se com Aécio no aeroporto de Natal com "pompa e circunstâncias'', segundo assessores, em 21 de agosto.

Outro golpe em sua campanha surgiu com a menção de seu nome pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa durante um de seus depoimentos à Polícia Federal. Alves teria sido um dos favorecidos pelo esquema de pagamento de propinas da estatal. "Isso é irresponsabilidade, leviandade, sem nenhuma prova, nenhum documento'', afirmou ao Estado.

Seu nome, porém, está vinculado a outros escândalos - movimentar dinheiro em paraísos fiscais, oferecer carona a amigos em avião da FAB, oferecer jantar a correligionários pago pela Câmara e o roubo de uma mala com R$ 100 mil de um assessor parlamentar seu - o que se reflete na rejeição elevada do eleitorado, de 37%, segundo o Ibope.

Coronéis. "As famílias Alves, Maia e Faria são expoentes da velha política coronelista e clientelista", afirmou ao Estado o candidato do PSOL, Robério Paulino, terceiro colocado, com 5% dos votos válidos.

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Parte do eleitorado, mesmo entre os mais pobres, percebe o cenário político no RN de forma negativa e não demonstra entusiasmo em votar. No bairro pobre de Felipe Camarão, zona oeste de Natal, Adélia Teixeira, aposentada de 74 anos, diz que vai às urnas somente para eleger o vizinho Adão Eridam, vereador e candidato a deputado estadual pelo PR.

Jailma Gomes da Silva, filha de Adélia, dona de casa de 38 anos, diz estar indecisa. "Político nenhum presta. Só vem na porta da gente para pedir voto'', afirmou Jailma, que vive do salário mínimo recebido pelo marido e do Bolsa Família, suspenso e retomado duas vezes.

Votos válidos

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50% é o índice de intenção de votos do candidato ao governo do Rio Grande do Norte Henrique Eduardo Alves (PMDB), segundo a mais recente pesquisa Ibope

42% é o índice de intenção de votos do candidato Robinson Faria (PSD), de acordo com o mais recente levantamento

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