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Gestão do PSDB exclui pobres, diz Dilma

Presidente afirma que indicação de Armínio Fraga para Ministério da Fazenda em eventual governo tucano é ‘complicador’ para Aécio

Por Tania Monteiro , Rafael Moraes Moura e Anne Warth
Atualização:

BRASÍLIA - Após passar o dia inteiro reunida com o comando de sua campanha, no Palácio da Alvorada, para definir a estratégia na reta final das eleições, a presidente Dilma Rousseff intensificou nesta segunda-feira, 6, os ataques ao candidato do PSDB, Aécio Neves. Dilma reforçou o discurso de polarização do seu governo e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em comparação com o de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). 

“O PSDB jamais colocou pobres no Orçamento”, criticou Dilma, enfatizando que as políticas sociais de FHC “eram feitas para poucos”. O foco da presidente é desconstruir Aécio e criticar a política econômica do governo FHC, ao mesmo tempo que tenta atrair os eleitores de Marina Silva, do PSB, que ficou de fora do 2.º turno. 

Dilma Rousseff concede entrevista no Alvorada Foto: Ed. Ferreira/Estadão

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Dilma declarou que a indicação do economista Armínio Fraga para o Ministério da Fazenda, em um eventual governo tucano, é “um complicador” para Aécio. A justificativa de Dilma era que a inflação ultrapassou por duas vezes o limite superior da meta quando Armínio era ministro da Fazenda. Na verdade, Armínio foi presidente do Banco Central de Fernando Henrique. “Foi também na gestão do Armínio Fraga que nós tivemos a maior taxa de juro desse período, 45%”, atacou a petista. 

“Comparem a minha recessão com a dele”, alfinetou Dilma, ao rebater as críticas do rival - que afirmou em São Paulo que os brasileiros estão muito preocupados com “os monstros do presente”. “Comparem os monstros do passado com o que está acontecendo no meu governo. Ele pode usar a retórica, mas a realidade se imporá.” 

No domingo, Dilma tinha provocado Aécio dizendo que o povo brasileiro não quer a volta dos “fantasmas do passado”. 

Diante da euforia do mercado financeiro, com o surpreendente resultado de Aécio no 1.º turno, que fez a bolsa subir e o dólar cair, a presidente reagiu com ironia: “Eu desconfio que os investidores podem fazer tudo, mas não ganham uma eleição. Quem ganha e vota no Brasil chama-se povo brasileiro”. 

Dilma negou ter ficado frustrada com o seu desempenho na primeira fase da campanha, abaixo do que era esperado pelo PT e apontado pelas pesquisas. “Nós não achamos e não acreditamos nessa infalibilidade das pesquisas, né?”, comentou a presidente.

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Dilma já definiu com seus principais auxiliares que São Paulo será uma de suas prioridades, com objetivo de recuperar votos. No Estado, a petista perdeu para Aécio por uma diferença de mais de 4 milhões de votos. 

Com objetivo de mostrar “força” e “união” dos partidos que a apoiam, a presidente Dilma convocou para hoje, em Brasília, uma reunião com governadores e parlamentares eleitos e reeleitos. O pedido é que continuem trabalhando com mais dedicação ainda à sua campanha. O governo quer usar esta capilaridade de governadores, deputados e senadores para tentar ampliar a base nos seus respectivos Estados. 

Dilma quer empenho especial do governador eleito de Minas Gerais, o petista Fernando Pimentel. Segundo um interlocutor direto da presidente, não é possível perder um voto sequer em Minas. Ministros também terão de trabalhar pela reeleição de Dilma. A presidente vai concentrar forças ainda em Pernambuco, onde espera contar com o apoio de Lula. 

Telefonema. A presidente fez questão de informar que recebeu um telefonema “extremamente gentil e civilizado” de Marina, onde ela a cumprimentou pela eleição. “Eu agradeci o cumprimento e disse que eu tinha certeza que ambas lutávamos por melhorar o Brasil, em que pese as nossas diferenças”, afirmou Dilma, que foi cautelosa em admitir a possibilidade de apoio da ex-ministra. “Acho que hoje seria uma temeridade qualquer fala a respeito de como serão os apoios no futuro”, afirmou. “É óbvio que muitas vezes os apoios não dependem só de uma pessoa, eles são decididos por várias instâncias, então nós temos certeza que uma parte dos votos vai se dividir entre eu e o candidato.” 

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