Atualizado em 18.08
RECIFE - A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram vaiados por menos de 5 segundos ao acompanharem juntos, ontem, a missa de corpo presente do ex-governador Eduardo Campos e de dois assessores, mortos num acidente aéreo na quarta-feira. Adversários da candidata à reeleição do PT, como o tucano Aécio Neves, criticaram a hostilidade.
Assim que a vaia começou, foram ouvidos aplausos em resposta aos apupos. Algumas pessoas ainda tentaram arrancar de perto dos caixões uma coroa de flores enviada por Dilma.
Nem a presidente nem Lula comentaram as vaias. Aécio, último a chegar ao velório, criticou as vaias e as reações contra Dilma. "Acho que nenhuma hostilidade nesse momento se justifica. Ele (Campos) era um amigo que conviveu com ela (Dilma) durante o governo Lula".
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), candidato a vice na chapa tucana, também criticou as vaias. "Vaiar em velório é ruim. Pelo que ouvi, foi coisa de uma minoria de militantes mais aguerrida. Não vejo maiores consequências políticas."
Já o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), disse que as vaias à presidente no velório de Campos refletem a indignação da população. "O povo está indignado. Pediram até para tirar a coroa de flores."
Ao deixar o Palácio do Campo das Princesas, onde ocorreu a missa, Dilma demonstrava tristeza e irritação. Um estudante de 15 anos pediu à presidente que tirasse uma selfie com ele, mas ouviu como resposta que o momento não permitia fotos.
‘Convergência’. Dilma, Lula, Aécio e outras autoridades presentes acompanharam a missa no mesmo local, ao lado do caixão. O tucano chegou ao local com a missa já iniciada e cumprimentou rapidamente a família de Campos e a ex-ministra Marina Silva, parceira de chapa do candidato do PSB.
Além de Aloysio, estavam com o presidenciável tucano o ex-governador de São Paulo José Serra e o atual governador, Geraldo Alckmin. Durante a missa, Aécio e Dilma, que se cumprimentaram com beijos, ficaram muito próximos, mas sem trocar palavras.
Em entrevista aos jornalistas, o candidato do PSDB voltou a falar em "convergência" com o adversário do PSB e afirmou que não via um "projeto de novo Brasil" no qual os dois não colaborassem um com o outro. "Nunca imaginei construir um projeto de um Brasil novo em que não estivéssemos juntos", afirmou o tucano referindo-se a Campos.