Em sabatina promovida na manhã desta sexta-feira, 12, pelo jornal O Globo, a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) disse não temer "de nenhuma forma" a delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa.
"Eu não temo de nenhuma forma esse tipo de revelação. Sabe por quê? Eu tenho absoluta certeza que isso não afeta nem a mim, nem a pessoas que eu tenho elevada consideração e grande apreço", disse Dilma, durante a sabatina promovida nesta sexta-feira. "Agora todos os que forem afetados terão de ser punidos. Tudo o que for emergir desta investigação que combina Polícia Federal, MP (Ministério Público) e Judiciário, da primeira instância até a mais alta Corte, isso será o que transformará o Brasil num país que pune e investiga."
Na delação premiada, o ex-diretor - preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal -, acusou políticos do PT, PMDB e PSB de participação no desvio de dinheiro da empresa. As denúncias causaram preocupação no Palácio do Planalto e na coordenação da campanha de Dilma porque o escândalo pode ressuscitar a memória do esquema mensalão, que atingiu o PT e o governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Conforme revelou a revista Veja, um dos nomes citados no depoimento é o do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. A lista inclui ainda o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), conforme divulgado na sexta-feira passada, 5, pelo Estado.
Impunidade. Segundo a presidente, a corrupção tem um "compadre, amigo e protetor", chamado impunidade. Dilma afirmou que durante muito tempo no Brasil os crimes de corrupção ficaram impunes. "Quando você não investiga, não aparece", disse. A petista argumenta que a corrupção não aumentou no seu governo - agora ela é escancarada. "Não empurramos para baixo do tapete, não engavetamos processos."
Na avaliação de Dilma, o governo do PT garantiu "autonomia à Polícia Federal" e criou leis para inibir malfeitos, como a lei que pune o corruptor e a Lei de Acesso à Informação.
CPI. Questionada sobre a atuação da CPI mista da Petrobrás, Dilma disse que a comissão tem sido "mais uma arma política do que de investigação". "Todo ano eleitoral tem uma CPI no nosso governo, pelo menos contra a Petrobrás. E outras CPIs necessárias não andam. Não houve uma CPI sobre os metrôs, a história da Alstom (suspeitas de propinas envolvendo a multinacional e o Metrô de São Paulo), não há prosseguimento no chamado mensalão mineiro", disse. "Não vejo por que a CPI substitua a PF (Polícia Federal) ou o Ministério Público", prosseguiu Dilma.