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CPTM contesta relatório da Corregedoria que pede afastamento de 15 citados em cartel

CPTM nega discrepâncias nas declarações de patrimônio de servidores citados por órgão estadual de controle interno que apura ação de empresas

Por Ricardo Chapola
Atualização:

A assessoria de imprensa da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) contestou ontem informações do relatório da Corregedoria-Geral da Administração (CGA) - órgão de controle do governo estadual que apura a conduta de agentes públicos - sobre o cartel suspeito de atuar no Estado entre 1998 e 2008. O relatório sugere o afastamento de 15 funcionários, da CPTM e também do Metrô, envolvidos na investigação interna. O cartel teria atuado nos setores metroferroviário e de energia de São Paulo nas gestões dos governadores Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB.O teor do documento, datado do dia 8 de janeiro, foi revelado ontem pelo Estado e contém, entre outros nomes, o do atual diretor de Operação e Manutenção da CPTM, José Luiz Lavorente - único entre os 15 nomes que ainda ocupa um cargo de comando da estatal de trens.O relatório da Corregedoria aponta acréscimos patrimoniais não esclarecidos, discrepâncias na lista de bens e omissão de informações em depoimentos de cinco pessoas, entre elas Lavorente. Em nota oficial divulgada ontem, a CPTM informou que a própria Corregedoria enviou um documento em 4 de dezembro a Lavorente no qual concluía que sua "evolução patrimonial, entre 2003 e 2012, estava compatível com seus rendimentos". A estatal de trens também destacou o fato de, apesar de já ter sido alvo de apurações preliminares da Polícia Federal, Lavorente não consta mais na lista de investigados do inquérito oficial do cartel, hoje nas mãos do Supremo tribunal Federal. O relatório da Corregedoria aponta divergências em declarações de bens de outros quatro nomes: do ex-diretor de Operações do Metrô Décio Tambelli; de Ivan Generoso, ex-assessor do ex-gerente de Manutenção da CPTM Nelson de Carvalho Scaglione; de Dario Juliano Tambellini, assessor do presidente do Metrô; e de Mário Mandelli, assessor do gerente de Manutenção de material rodante da CPTM. 'Tudo em ordem'. Décio Tambelli afirmou ontem ter em mãos documentos da Corregedoria que comprovavam compatibilidade de seus rendimentos. "Tenho um documento em que a CGA diz que está tudo em ordem. Não entendo absolutamente nada o que está acontecendo", disse o funcionário do Metrô, já afastado do cargo. Nelson Scaglione, outro nome citado no relatório, teria ligação com a empresa Façon, suspeita de intermediar pagamento de propina de empresas do cartel a agentes públicos. Em nota oficial, o advogado de Scaglione negou a relação de seu cliente com a empresa e disse que as informações fornecidas à CGA atestam a "licitude de sua conduta." Também citado no relatório, Pedro Benvenuto, já afastado de seu cargo na secretaria executiva de Parcerias Público-Privadas da Secretaria de Planejamento, afirmou por meio de seu advogado "não ter qualquer relação de sua função com as ditas irregularidades investigadas". No período em que teria operado o cartel, Benvenuto era diretor de Planejamento da CPTM. Segundo sua defesa, ele "apenas assinou o contrato" de um dos consórcios sob investigação. A reportagem não conseguiu contato com os demais funcionários do Metrô e da CPTM mencionados no relatório. Procurada, a assessoria do Metrô também não se manifestou. Afastamentos. Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que vai afastar todos os funcionários da CPTM e do Metrô envolvidos no caso do cartel e que ainda não foram afastados. "Eu não recebi ainda (o relatório da CGA). Mas, recebendo, nós vamos tomar todas as providências. A maioria (dos citados no documento) já foi afastada. Se tiver alguém que não estiver, vai ser afastado", afirmou, em evento no Palácio dos Bandeirantes.

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