BRASÍLIA - Depois da saída de Carlos Siqueira da coordenação-geral da campanha do PSB à Presidência da República, o coordenador de mobilização e articulador, Milton Coelho, anunciou nesta quinta-feira, 21, ao presidente da sigla, Roberto Amaral, que deixará a função. Agora, líderes do PSB correm para evitar que a crise ganhe maiores proporções.
Membro da Executiva Nacional do PSB, Coelho disse que, sem o ex-governador Eduardo Campos, seu "compromisso com a coordenação da campanha acabou". "Meu compromisso era com o Eduardo", resumiu o pessebista, que esteve na semana passada no apartamento de Marina, em São Paulo, com a cúpula do PSB.
Coelho disse que já vinha conversando com os dirigentes do PSB sobre sua saída. Ele não quis dar outras justificativas sobre a decisão, mas destacou que não deixará a Executiva da legenda.
Mais cedo, Siqueira causou a primeira crise da campanha com a ex-senadora Marina Silva na cabeça de chapa ao acusá-la de "mandar no partido". Disse que a candidata está "longe de representar o legado" de Eduardo Campos.
À tarde, Amaral afirmava de forma enfática que não existia "ruído" na campanha de Marina. O presidente do PSB tentou acalmar os ânimos e disse que a reação de Siqueira era de cunho "pessoal" e não tinha "conteúdo político". "O PSB está unido em torno da campanha", insistiu.
O princípio. Uma discussão na reunião desta quarta-feira, 20, entre Siqueira e Marina teria sido o estopim da crise. Marina teria anunciado os nomes que a Rede indicaria para a nova composição da coordenação da campanha. Segundo interlocutores, a ex-senadora disse que não se pronunciaria sobre as indicações do PSB, mas sugeriu que Siqueira continuasse na função. O secretário-geral considerou que Marina o teria destituído do cargo e que ela havia deixado clara a falta de confiança nele. "Quando se está em uma instituição como hospedeira ela não pode mandar nessa instituição. Marina que vá mandar na Rede dela", disparou Siqueira. O pessebista já havia dito mais cedo que queria distância da ex-senadora, que seu compromisso era com Eduardo Campos, que Marina estava tentando "mandar" na legenda e que a ex-senadora estava longe de representar o legado do ex-governador.
De acordo com uma fonte do PSB, Siqueira já vinha se queixando dos atritos com a Rede antes mesmo do acidente aéreo que vitimou Campos na semana passada. Ele apontava as dificuldades em tocar adiante uma campanha com tantas divergências políticas e dificuldades nas alianças estaduais. Com a morte de Campos, o rearranjo de nomes na coordenação foi a gota d'água para Siqueira deixar a campanha. "Ele foi o único que entendeu dessa maneira", disse Neca Setúbal, da coordenação do programa de governo e aliada de Marina.