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Coordenador da campanha de Aécio sinaliza apoio a Marina no 2º turno

Senador Agripino Maia diz que partido atua para tucano passar da 1ª etapa da eleição, mas que aliança seria contra 'mal maior do PT'

Por Debora Bergamasco e Erich Decat
Atualização:
Essa hipótese é considerada dentro do ninho tucano caso Aécio não passe da primeira etapa Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Ampliado às 21h41

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Diante dos maus resultados nas pesquisas, o coordenador-geral da candidatura presidencial de Aécio Neves, José Agripino Maia, admitiu nesta segunda-feira, 1, pela primeira vez, a possibilidade de o tucano não ir para o 2.º turno e sinalizou apoio a Marina Silva (PSB) diante da possível disputa direta com a presidente Dilma Rousseff. As declarações de Agripino, que é senador e presidente do DEM, causaram mal-estar no comitê do PSDB. 

“O sentimento que nos move e nos mantém unidos – PSDB, DEM e Solidariedade – é garantir a ida de Aécio para o 2.º turno. Se não for possível, vamos avalizar a transição para o 2.º turno. Ou seja, com uma aliança com Marina Silva, por exemplo. É tudo contra um mal maior que é o PT. Vamos trabalhar para um entendimento de Marina conosco ou de nós com Marina”, afirmou o coordenador-geral da campanha de Aécio em entrevista ontem ao Estado. 

Indagado sobre a atuação no Congresso do PSDB e do DEM em um eventual governo de Marina, Agripino afirmou que participar da base de apoio do PSB seria um caminho “natural”. “O PSDB e o DEM são oposição fundamentalmente ao PT. E, se Marina ganhar derrotando o PT, os petistas estarão automaticamente remetidos à oposição. Então, se isso vier a acontecer, o caminho natural seria esse.” 

As mais recentes pesquisas mostram um cenário adverso para a campanha do PSDB, colocando Aécio em terceiro colocado com 15%, atrás de Dilma e Marina, empatadas com 34%. 

Nova rodada de levantamentos deve ser divulgada nesta quarta-feira, 3. 

Reações. O mal-estar tomou conta do comitê de Aécio após as declarações do coordenador-geral. Agripino foi pressionado a divulgar uma nota na qual afirmou sua crença no bom desempenho do candidato que apoia. 

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“Todo o esforço que os partidos que apoiam a candidatura de Aécio realizam neste momento se volta para levá-lo ao 2.º turno e temos a convicção de que nele estaremos. Alianças para o 2.º turno serão discutidas quando o 2.º turno vier, oportunidade em que esperamos contar com o apoio daqueles que, como nós, desejam mudanças. Depositamos absoluta confiança na habilidade do nosso candidato em conduzir o processo pela experiência política e pelos quadros administrativos que o cercam e que farão o País entender ser ele a melhor opção para a Presidência da República”, escreveu Agripino Maia na nota oficial. 

A estratégia de Aécio é fazer críticas cirúrgicas à campanha da candidata do PSB. O principal ponto explorado pelo tucano vem sendo a falta de quadros qualificados de apoiadores da candidata do PSB para governar o País. Esse tipo de ataque deixa uma porta aberta para um eventual apoio do tucano à ex-ministra, que poderia participar do governo do PSB justamente contribuindo com a “cessão de nomes experientes”. 

Ao ser questionado ontem sobre as declarações do aliado, Aécio afirmou não ter tido aceso a elas. Emendou que está confiante na vitória e que tem as melhores propostas para o País. 

O presidente do PSB, Roberto Amaral, mostrou-se incrédulo ao ser informado das declarações de Agripino. “Não é verdade, ele está dizendo isso? Então não tem 2.º turno. Ele jogou a toalha”, disse o dirigente. Amaral evitou dizer diretamente que o apoio do PSDB será bem-vindo num eventual 2.º turno, mas disse querer os votos do eleitor do Aécio. / COLABORARAM ELIZABETH LOPES, VALMAR HUPSEL FILHO e ANA FERNANDES 

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