Ampliado às 21h41
Diante dos maus resultados nas pesquisas, o coordenador-geral da candidatura presidencial de Aécio Neves, José Agripino Maia, admitiu nesta segunda-feira, 1, pela primeira vez, a possibilidade de o tucano não ir para o 2.º turno e sinalizou apoio a Marina Silva (PSB) diante da possível disputa direta com a presidente Dilma Rousseff. As declarações de Agripino, que é senador e presidente do DEM, causaram mal-estar no comitê do PSDB.
“O sentimento que nos move e nos mantém unidos – PSDB, DEM e Solidariedade – é garantir a ida de Aécio para o 2.º turno. Se não for possível, vamos avalizar a transição para o 2.º turno. Ou seja, com uma aliança com Marina Silva, por exemplo. É tudo contra um mal maior que é o PT. Vamos trabalhar para um entendimento de Marina conosco ou de nós com Marina”, afirmou o coordenador-geral da campanha de Aécio em entrevista ontem ao Estado.
Indagado sobre a atuação no Congresso do PSDB e do DEM em um eventual governo de Marina, Agripino afirmou que participar da base de apoio do PSB seria um caminho “natural”. “O PSDB e o DEM são oposição fundamentalmente ao PT. E, se Marina ganhar derrotando o PT, os petistas estarão automaticamente remetidos à oposição. Então, se isso vier a acontecer, o caminho natural seria esse.”
As mais recentes pesquisas mostram um cenário adverso para a campanha do PSDB, colocando Aécio em terceiro colocado com 15%, atrás de Dilma e Marina, empatadas com 34%.
Nova rodada de levantamentos deve ser divulgada nesta quarta-feira, 3.
Reações. O mal-estar tomou conta do comitê de Aécio após as declarações do coordenador-geral. Agripino foi pressionado a divulgar uma nota na qual afirmou sua crença no bom desempenho do candidato que apoia.
“Todo o esforço que os partidos que apoiam a candidatura de Aécio realizam neste momento se volta para levá-lo ao 2.º turno e temos a convicção de que nele estaremos. Alianças para o 2.º turno serão discutidas quando o 2.º turno vier, oportunidade em que esperamos contar com o apoio daqueles que, como nós, desejam mudanças. Depositamos absoluta confiança na habilidade do nosso candidato em conduzir o processo pela experiência política e pelos quadros administrativos que o cercam e que farão o País entender ser ele a melhor opção para a Presidência da República”, escreveu Agripino Maia na nota oficial.
A estratégia de Aécio é fazer críticas cirúrgicas à campanha da candidata do PSB. O principal ponto explorado pelo tucano vem sendo a falta de quadros qualificados de apoiadores da candidata do PSB para governar o País. Esse tipo de ataque deixa uma porta aberta para um eventual apoio do tucano à ex-ministra, que poderia participar do governo do PSB justamente contribuindo com a “cessão de nomes experientes”.
Ao ser questionado ontem sobre as declarações do aliado, Aécio afirmou não ter tido aceso a elas. Emendou que está confiante na vitória e que tem as melhores propostas para o País.
O presidente do PSB, Roberto Amaral, mostrou-se incrédulo ao ser informado das declarações de Agripino. “Não é verdade, ele está dizendo isso? Então não tem 2.º turno. Ele jogou a toalha”, disse o dirigente. Amaral evitou dizer diretamente que o apoio do PSDB será bem-vindo num eventual 2.º turno, mas disse querer os votos do eleitor do Aécio. / COLABORARAM ELIZABETH LOPES, VALMAR HUPSEL FILHO e ANA FERNANDES