Comoção com morte de ex-governador dificulta oposição a grupo de Campos em PE

Os poucos representantes contrários tentam sobreviver com pequenas estruturas, na busca do voto de opinião e deixando de lado as posições mais aguerridas contra ex-governador

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Por Erich Decat
Atualização:

RECIFE - Em meio ao sentimento de comoção presente em parte dos eleitores pernambucanos com a morte de Eduardo Campos, os poucos representantes de oposição no Estado tentam sobreviver nesta eleição com pequenas estruturas, na busca do voto de opinião e deixando de lado as posições mais aguerridas contra o ex-governador morto em um trágico acidente aéreo em agosto. 

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Para manter a bandeira oposicionista, representantes desse pequeno grupo tiveram ainda que tomar a decisão de rumar contra o próprio o partido, que se aliou ao governo da situação. Esse é o caso da candidata à deputada estadual, a vereadora Priscila Krause (DEM). 

Histórico adversário do PSB no Estado, o Democratas é hoje um dos aliados na campanha de Paulo Câmara (PSB) ao governo. Ao ser questionado pela reportagem sobre a possibilidade de tomar um caminho próprio em Pernambuco, o presidente estadual do DEM, deputado federal Mendonça Filho, deu a tônica do momento que vive a oposição: “É impossível. Era suicídio. Era sacrificar os dois mandatos de deputados estaduais e o meu mandato”, afirmou o deputado, que deve participar no dia de hoje do último ato de campanha de Câmara (PSB), previsto para ocorrer no centro do Recife. 

Decidida a se manter como um “contraponto” na região, Priscila Krause abriu mão de participar dos “guias eleitorais” (como são chamados os programas eleitorais de rádio e TV em Pernambuco) e de receber material impresso do partido. “Fiz essa opção porque as pessoas querem em mim um contraponto, alguém para fiscalizar”, afirmou. “Estou fazendo campanha com ajuda dos amigos.”

Sem aparecer nos programas de rádio e TV da coligação, ela tem recorrido a uma câmera semi profissional para gravar vídeos que são inseridos nas redes sociais. O último deles, vai ao ar nesta quinta-feira, 2, e nele Priscila faz um apelo aos internautas para multiplicarem o pedido de voto na candidatura. 

Embora mantenha a disposição de ser oposição, a candidata ressalta que a morte de Campos deve ter grande impacto nas eleições locais. “A morte dele alterou o quadro eleitoral”, afirmou ao se referir à virada de Câmara sobre o candidato Armando Monteiro (PTB), que chegou abrir vantagem de 30 pontos porcentuais sobre o adversário. 

Tucano. Numa decisão similar a tomada por Krause, o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB), opositor de Campos nos últimos anos e candidato à deputado federal nesta eleição, também se afastou da cúpula tucana no Estado que escolheu se aliar ao PSB. “Respeito a decisão partidária, que pela maioria, preferiu apoiar uma candidatura do PSB aqui no Estado, mas me reservei ao direito de manter a minha independência e a postura critica”, ressaltou o candidato que utiliza a cor verde ao invés do tradicional azul e amarelo do PSDB. 

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Critico das decisões locais, ele defende uma reavaliação da postura do partido no sentido de buscar candidaturas próprias nas próximas eleições. 

Embora não tenha sido tão radical a ponto de evitar aparecer nos programas eleitorais da coligação, Coelho não esconde as dificuldades que enfrenta ao escolher se tornar “independente”. “Atrapalhou completamente, no momento que a gente abdicou de ter um palanque estadual nos abdicamos não só da estrutura financeira como a da política”, afirmou. 

“Eu estou disputando a eleição de deputado federal sem apoio de nenhuma liderança formal. Dessa forma, a gente acaba não tendo a condição de penetrar no interior já que lá a política é mais controlada exatamente pelas lideranças locais.” 

Segundo Coelho, com “a morte de Eduardo”, perdeu-se “a condição de criticá-lo porque ninguém vai criticar alguém que morreu”. “É uma questão até de respeito. Perdeu-se então o contraponto a ele”, concluiu. 

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