Com diferença pequena, candidatos no Rio Grande do Norte trocam acusações

Henrique Eduardo Alves (PMDB) e Robinson Faria disputam governo do Estado

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Por Denise Chrispin
Atualização:

 Com apenas sete pontos de diferença nas intenções de voto para o governo do Rio Grande do Norte, Henrique Eduardo Alves (PMDB) e Robinson Faria (PSB) trocaram acusações ontem no último debate antes das eleições de domingo. O presidente da Câmara dos Deputados acusou Faria de ter oferecido a retirada de sua pré-candidatura ao governo do Estado se Alves aceitasse seu filho, Fabio, como seu companheiro de chapa. Faria acusou Alves de “assediar” seu filho para o cargo.

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“Henrique fala em mudar, mas vem de um grupo que tem (o senador José) Sarney e Renan Calheiros (presidente do Senado). (…) Ele faz política no estilo antigo”, declarou Faria. “Como pode haver tanta hipocrisia? (…) A outra proposta sua era (garantir) a presidência da Assembleia Legislativa”, atacou Alves.

O presidente da Câmara é apoiado pelo chamado “acordão”, uma coalizão de 17 partidos, entre os quais o Democratas potiguar do senador José Agripino Maia. Embora tenha sido defensor e facilitador das políticas da presidente Dilma Rousseff na Câmara, Alves não conseguiu seu apoio para o governo do RN. Dilma tampouco explicitou seu suporte à eleição de Faria, que recebeu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na última pesquisa do Ibope, de 26 a 28 de setembro, Alves caiu dois pontos e obteve 38% das intenções de votos. Faria manteve seus 31%.

No debate promovido pela InterTV Cabugi, afiliada local da Rede Globo, todos os adversários de Alves evitaram abordar o fato de seu nome ter sido mencionado pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa entre os beneficiados do esquema de propinas da Petrobrás. Logo na chegada ao canal de televisão, que faz parte do patrimônio de sua família, Alves afirmou ser essa acusação de Costa “irresponsável, leviana, sem nenhuma prova nem documento”. “Absolutamente irresponsável”, insistiu à imprensa.

Na briga verbal entre os dois rivais, a seca no Estado tornou-se também arma de ataque recíproco. Ontem, o governo estadual decretou situação de emergência em 152 municípios. Alves acusou Faria de ter passado 11 meses na Secretaria de Recursos Hídricos, em 2011, e promovido a perfuração de apenas um poço. Faria defendeu-se explicando que as obras estavam paralisadas pela Justiça ou com verbas contingenciadas. “Henrique é o candidato da pirotecnia”, contra-atacou, para em seguida acusar o peemedebista de ter aprovado apenas cinco projetos de lei em seus 44 anos na Câmara dos Deputados.

Do tiroteio verbal também participaram os candidatos com menor pontuação nas pesquisas. Araken Farias (PV), com 1% das intenções de voto, acusou a família do candidato do PSB de ter destruído ampla área de mangue no Estado, em 1986, para a construção de uma empresa. Faria rebateu. Disse que Araken havia “aderido ao acordão” de Alves e o acusou de desrespeitar a memória de seu pai, autor do empreendimento. Conforme explicou, o projeto fora aprovado pelo colegiado da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). “Nem ler o senhor sabe”, disse Faria a Araken.

Mas foi o Professor Robério (Psol) quem formulou as críticas mais ácidas a todos os candidatos. Com 3% das intenções de voto, ele declarou que Faria e Alves são “farinha do mesmo saco” e representantes da velha política coronelista do Estado. “Robinson continua a receber salário como vice-governador. Ele não renunciou”, afirmou. “O senhor (dirigindo-se a Alves) apoiou o governo de Rosalba (Ciarlini, do Democratas) e tem seis a sete secretarias.” Ambos os principais candidatos negaram as acusações.

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Além dos ataques recíprocos, os candidatos trataram de apresentar algumas propostas palatáveis aos eleitores. Alves se disse o “candidato da segurança pública” e prometeu adotar uma política de ocupação intensiva de áreas violentas, de programas ocupacionais de jovens e de melhor formação e condição de vida para os policiais. Robinson afirmou que lançará a Central do Empreendedor, que permitirá a abertura de empresas em dez dias, e reduzirá o imposto estadual sobre o querosene de aviação, como medida de incentivo ao turismo. 

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