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Candidato do PSOL vira fenômeno entre os nanicos do Rio

Jeito despojado levou Tarcísio Motta a um índice de 6% de intenção de voto no Datafolha; na maior parte da campanha, oscilou entre 1% e 3%

Por Wilson Tosta
Atualização:
Motta será o candidato ao governo do Rio de Janeiro do PSOL Foto: Wilton Júnior/Estadão

O candidato do PSOL do governo do Rio, Tarcísio Motta, saboreou nesta sexta-feira, 3, no centro do Rio, os 6% de intenções de voto que conquistou na última pesquisa Datafolha. Por mais de uma hora, o professor de história do Colégio Pedro II cumprimentou e foi cumprimentado por camelôs, comerciantes, pedestres e piqueteiros bancários. Muita gente o saudou por ter, no debate da Rede Globo, perguntado ao governador e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão (PMDB), "cadê o Amarildo". Referência ao sumiço do auxiliar de pedreiro Amarildo de Souza, morto por PMs na Rocinha, a pergunta foi marca das manifestações contra o então governador Sérgio Cabral Filho (PMDB). "A gente já tinha um crescimento anterior, que as pesquisas não estavam conseguindo captar", disse Tarcísio." A cada debate, melhorava o nosso desempenho. Mas é claro que o debate na TV Globo expõe para uma quantidade de pessoas muito maior as nossas propostas e a nossa postura." Na maior parte do primeiro turno, o candidato do PSOL oscilou entre 1% e 3%. Agora, já se avalia no partido que, na capital, pode bater 15% e talvez superar o candidato do PT, Lindbergh Farias, na cidade. A caminhada do candidato do PSOL começou na Praça Mauá. Acompanhavam-no o deputado federal Chico Alencar, o estadual Marcelo Freixo, os vereadores Eliomar Coelho (no Rio) e Paulo Eduardo Gomes (em Niterói), além de militantes do partido, alguns com bandeiras. Vestido com uma camiseta verde com a frase "Nada pode parecer impossível de mudar", atribuída a Bertold Brecht, calças cinza, sapatênis e boné sobre o cabelo preto amarrado em rabo-de-cavalo, o professor distribuiu sorrisos e comentários bem-humorados. Também deu aos eleitores "colinhas", com nomes de candidatos a todos os cargos em disputa nas eleições de amanha, além do seu próprio, claro. "É a única ocasião em que professor passa cola", brincou com uma eleitora, perto da esquina de Buenos Aires com Miguel Couto. Ainda no início do trajeto, na esquina de Rio Branco com Visconde de Inhaúma, o candidato parou para conversar com o ambulante Humberto de Jesus Silva, de 30 anos. Dono há 15 anos, segundo contou, de um carrinho de venda de doces na rua, ele reclamou não ter conseguido ainda da prefeitura do Rio a licença definitiva para trabalhar. "Trabalhador nenhum será criminalizado em nosso governo", disse Tarcísio. Humberto pediu ajuda ao candidato. "Vamos lá, vamos ganhar isso ai", exortou o ambulante. Depois que o candidato se afastou, quando o Estado perguntou a Humberto se votaria no candidato do PSOL, ele disse que sim. "É lógico. É do povo. É pé no chão. Vi o debate da Globo, ele bateu de frente legal. Já mudou ali a minha cabeça", contou. Ao longo da caminhada, marcada por muitos pedidos de selfies e fotos feitos por eleitores, outros camelôs cumprimentaram Tarcísio enfaticamente. "Vai fazer alguma coisa pelos ambulantes?" Pelo menos no debate você arrebentou... Tirou onda para c(*)...", berrou um dos vendedores de rua perto da esquina de Sete de Setembro com Travessa do Ouvidor, causando risos. Outros se referiram ao episódio. "O Pezão ainda não respondeu", brincou um jovem perto da loja Zeal, no início da Rio Branco. Doutor desde 2009 em história pela Universidade Federal Fluminense com tese sobre a Guerra do Contestado, Tarcísio também cursou mestrado e graduação na mesma disciplina e instituição. Sua campanha registrou, até a segunda prestação parcial de constas, apenas contribuições de pessoas físicas, no total de R$ 4.892,80. Nos últimos dias, foram divulgadas fotos do candidato no carnaval, usando fantasias de Mulher Maravilha, Mônica (personagem de Maurício de Souza) e odalisca. Ele disse gostar da festa. "Acho que, como as pessoas estavam sedentas por uma alternativa e acreditaram, isso gerou uma ascensão nas pesquisas, que a gente acha que continua", resumiu o candidato, para explicar o crescimento.

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