O deputado federal Renan Vasconcelos Calheiros Filho (PMDB), de 34 anos, deve ser eleito neste domingo governador de Alagoas - Estado com pior índice de violência do País - em uma campanha milionária que o apresentou como o nome da "mudança" e do "novo", mesmo sustentado por um grupo de políticos envoltos em escândalos de corrupção.
A possibilidade de vitória no 1.º turno - o Ibope apontou na última sexta-feira que o peemedebista terá 54% dos votos válidos - faz parte do projeto político do pai, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Prefeito duas vezes de Murici - terra natal governada direta e indiretamente pela família Calheiros desde 1980, Renan Filho foi lançado pelo pai em alternativa ao seu nome, às vésperas do início da campanha.
Para Renan Filho, eleito deputado federal em 2010, o projeto era disputar a reeleição para mais quatro anos na Câmara e servir de canal direto com o governo em Brasília, se os dois, pai e filho, fossem eleitos.
A mudança de rota veio com os indicativos de que o eleitor rejeitaria a velha política e seus ficha-sujas, além da possibilidade de ocupar a lacuna deixada por José Sarney (PMDB-AP) no Congresso - ele anunciou sua aposentadoria da vida política.
Com o filho na disputa por Alagoas, Renan vislumbrou a possibilidade de comandar simultaneamente o Senado (terceiro posto da República), o governo do Estado alagoano e manter o irmão Remi Calheiros prefeito de Murici.
PREPAROJovem, com discurso envolvente, Renan Filho personificou a figura idealizada pelo pai do "novo político". Seus discursos são recheados de "mudança", "transformação" e "ética".
Seus apoiadores, porém, têm histórico de problemas com a Justiça. O pai, inclusive, evitou aparições ao lado dele para não transferir a responsabilidade sobre seus escândalos, como o de 2007, quando foi flagrado recebendo pagamento de despesas pessoais com um filho fora do casamento por uma construtora e teve de renunciar à Presidência do Senado. Agora, seu nome volta aos noticiários ao ser citado na Operação Lava Jato, que apura corrupção na Petrobrás.
Na campanha, em discursos e no horário eleitoral, Renan Filho prometeu: "No nosso governo Alagoas vai perder o posto de Estado mais violento do Brasil". O Estado tem a pior taxa de assassinatos do País, segundo o Mapa da Violência, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais.
São 55 mortes com arma de fogo para cada 100 mil habitante - a média nacional é de 29 e a aceitável pelos padrões internacionais é de 10. Em 2000 essa taxa era de 17 casos, um aumento de mais de 200%.
Votos válidos
54% é o índice de intenção de votos do candidato ao governo de Alagoas Renan Filho (PMDB), segundo a mais recente pesquisa Ibope
37% é o índice de intenção de votos do candidato Benedito de Lira (PP), de acordo com a pesquisa
