Palmas - A apreensão de um avião, a prisão de quatro pessoas com R$ 504 mil, em Piracanjuba (GO), e a divulgação de vídeo com o irmão de Marcelo Miranda (PMDB) pagando a conta de um dos envolvidos criou a primeira saia-justa para o líder da pesquisa Ibope no Tocantins. Ex-governador, cassado por abuso de poder econômico e político na eleição de 2006, Miranda negou envolvimento no caso. Ele está com 50% das intenções de voto, contra 34% do governador Sandoval Cardoso (SD), na pesquisa Ibope/TV Anhanguera, divulgada nesta segunda-feira, 29.
No debate da TV Anhanguera, afiliada da Globo no Tocantins, no fim da noite desta terça-feira, 1º, Miranda contra-atacou, mirando o seu principal adversário, Sandoval Cardoso. Citou as aplicações de recursos no Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Igeprev). Em setembro de 2013, o então presidente do instituto, Rogério Villas Boas, pediu exoneração, depois de matérias na imprensa de que estaria envolvido com o doleiro Fayed Traboulsi, preso na operação Miqueias, da Polícia Federal, que investigava investimentos fraudulentos em fundos de pensão e lavagem de dinheiro.
O fato aconteceu na administração de Siqueira Campos (PSDB), que renunciou ao cargo em abril deste ano, para permitir a candidatura de seu filho Eduardo Siqueira Campos (PTB) a deputado estadual. Siqueira foi substituído por Cardoso (SD), eleito indiretamente, pela Assembleia, em maio.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instalada na Assembleia Legislativa do Tocantins, apura outras aplicações do Igeprev.
Em resposta ao candidato Ataídes Oliveira (PROS), que chegou a falar em corrupção, Sandoval Cardoso disse acreditar num governo transparente, com obras fiscalizadas e o Ministério Público presente. "Que tudo o que for denunciado seja averiguado."
Crime eleitoral. A candidata do PSOL, Eula Angelim, também se referiu ao Igeprev e Luis Cláudio, do PRTB, falou sobre o caso do avião. Além dos R$ 504 mil, a Polícia Civil de Goiás encontrou cerca de 5 quilos de santinhos de Miranda e do candidato a deputado federal, também pelo PMDB, Carlos Gaguim.
Vídeo e comprovante de pagamento do hotel onde ficou Douglas Marcelo Alencar Schmidtt foram divulgados pela polícia. As imagens e os documentos provam que José Edmar Brito Miranda, irmão de Marcelo Miranda, fez a quitação, com seu próprio cartão de crédito.
Apontado como líder do grupo que levaria o dinheiro para o Tocantins, Schmidtt ficou no Athenas Hotel, em Goiânia, dos dias 12 ao 17, um dia antes de ser preso em Piracanjuba. A conta, de R$ 931,25, foi paga às 21h29 do dia 17. Além do dinheiro em espécie, o grupo transferiu quase R$ 1 milhão para outras três contas bancárias, que foram bloqueadas pela Justiça.
A Procuradoria Regional Eleitoral no Tocantins recebeu os documentos da Polícia de Goiás e ainda não se pronunciou sobre a abertura de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral, para apurar se houve crime eleitoral por parte de Marcelo Miranda.
No restante do debate, mediado por Graziela Azevedo, de São Paulo, os candidatos falaram sobre suas propostas para as áreas de habitação, saúde, educação, transporte e segurança. Carlos Potengy (PCB) não participou, por que o partido não tem representante na Câmara dos Deputados.
