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Apesar de falhas, TSE vai manter biometria nas eleições

Problemas com o sistema em fase de testes levam Justiça a estender horário de votação em algumas localidades

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla , Ricardo Della Coletta , Ricardo Brito , Victor Martins , Fabio Brandt , MARIÂNGELA GALLUCCI e FÁBIO GRELLET E ROBERTA PENNAFORT
Atualização:

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Dias Toffoli, disse na noite deste domingo que a Justiça Eleitoral “não voltará atrás” no uso da biometria - identificação do eleitor pela leitura eletrônica da impressão digital - nas eleições futuras. O ministro afirmou, ainda, que o projeto é fazer com que o reconhecimento biométrico dos cidadãos seja utilizado também para outros fins, e não somente eleitorais, servindo como cadastro pessoal. A Justiça Eleitoral, pela proposta de Toffoli, centralizará o cadastro nacional dos cidadãos. De acordo com ele, a identificação biométrica é “garantia maior de segurança nacional em relação a quem é quem no País”. Segundo o ministro, hoje não há uma identificação direta e única do cidadão.

Sistema de biometria causa filas em algumas localidades Foto: Nilton Fukuda/Estadão

O sistema de identificação dos eleitores pelo registro das impressões digitais provocou atrasos e filas em parte das 762 cidades onde foi usado, ainda em fase experimental, no primeiro turno das eleições que ocorreram no domingo. “Isso tudo faz parte de um aprendizado. É como comprar um carro novo. Às vezes, você compra um carro novo e não sabe onde abre o tanque de combustível”, afirmou Toffoli. Em 2012, na eleição de prefeitos, o sistema já havia sido testado em algumas capitais. Distrito Federal, Sergipe, Amapá e Alagoas cadastraram todo o eleitorado no sistema biométrico e, de acordo com a Justiça Eleitoral, aparecem entre as Unidades da Federação que mais precisaram substituir urnas eletrônicas. No entanto, diversos casos em que o reconhecimento biométrico não funcionou foram registrados domingo. Nesses casos, os mesários adotaram o sistema tradicional. Quinze capitais passaram pelo mesmo processo, incluindo Recife, Natal e Goiânia. Segundo o TSE, estavam habilitados a votar por biometria 15% dos eleitores brasileiros. Atrasos. Dificuldades com a identificação biométrica fizeram com que diversas seções eleitorais funcionassem até depois do horário estabelecido para o encerramento da votação, às 17h. No Rio Grande do Norte e no Distrito Federal, eleitores que chegaram aos locais de votação dentro do horário receberam senhas para votar depois do horário de encerramento. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Distrito Federal informou que foi preciso substituir 219 das 6.650 urnas. O diretor-geral do TRE-DF, Arthur Cezar da Silva Júnior, disse que dificuldades na leitura biométrica e lentidão das urnas foram as principais causas do problema. O TRE do Rio Grande do Norte afirmou, por meio de sua assessoria, que o atraso era esperado justamente em razão do início do uso da biometria. Segundo o tribunal, 52% dos eleitores do Estado se habilitaram para votar com o novo sistema. Em Niterói, no Rio de Janeiro, problemas com a biometria provocaram filas de até duas horas nas seções. O ministro Henrique Neves, do TSE, concedeu uma entrevista em Brasília para defender o sistema. Segundo ele, a biometria confere à eleição uma segurança que compensa qualquer atraso na votação. Troca. Apesar da biometria, algumas possíveis falhas na identificação de eleitores foram apontadas ao longo do domingo. O canal Globo News divulgou a história de uma eleitora do DF que disse não ter conseguido votar porque alguém já teria votado com seu título. O diretor-geral do TRE-DF disse que é “uma situação até possível de ter acontecido”, mas que o sistema de reconhecimento biométrico não seria o fator causador, mas sim o sistema tradicional, em que o mesário digita o número do título.

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