PUBLICIDADE

Ajuda de Lula não é suficiente para alavancar Padilha

Com ex-presidente como ‘cabo eleitoral’, candidato do PT não decola nas pesquisas e esbarra no desconhecimento

PUBLICIDADE

Por Valmar Hupsel Filho
Atualização:

 “Não sei o que acontece com o comportamento do povo. A gente nunca consegue descobrir.” Foi assim que, na saída de uma churrascaria em Santo André, pouco depois de discursar em duas cidades pedindo votos para seu candidato ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentava entender o baixo desempenho do seu terceiro “poste” nas pesquisas. Era fim de setembro e as intenções de voto a Padilha não chegavam a dois dígitos, apesar da presença de Lula em comícios e no horário eleitoral. Nos bastidores e até de forma aberta, petistas admitem que a prisão dos principais dirigentes da sigla no caso do mensalão teve forte influência para a rejeição aos candidatos do partido. Padilha, a presidente Dilma Rousseff e o prefeito de São Paulo Fernando Haddad são uma reação do PT contra o caso. Representam a ideia de renovação, já que nenhum deles, até então, havia disputado eleição - daí a expressão “poste”, que ficou conhecida depois de Lula ter afirmado que, com a sua popularidade, poderia eleger até um poste.

Petistas admitem que a prisão dos principais dirigentes da sigla atrapalharam Padilha Foto: José Patrício/Estadão

Padilha lutou contra o desconhecimento. A menos de um mês das eleições, cumprimentava um feirante na zona leste da capital quando ouviu: “esse eu não conheço”. O ex-ministro da Saúde aposta como bandeira eleitoral no Mais Médicos, programa que importou profissionais estrangeiros. O projeto, porém, não “colou” na imagem do candidato. Padilha tentou se impor como o candidato da oposição ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e fez críticas ao adversário. Mas no debate organizado pela TV Record, teve a chance de fazer uma pergunta diretamente ao governador e não o fez. O petista também foi criticado dentro do partido pela estratégia de campanha, pois concentrou atividades no chamado “cinturão vermelho”, bairros da capital e cidades da região metropolitana em que o PT costuma ter votações expressivas. Sem nunca ter governado em São Paulo, o PT chega à eleição desacreditado, mesmo com as fortes tentativas de Lula para alavancar a campanha de Padilha. Mas mesmo com experiência de quem protagonizou, como candidato ou principal cabo eleitoral, todas as eleições presidenciais desde 1989, ele mesmo considera que “leva tempo” para descobrir o que pensam os eleitores. “Até hoje tem gente analisando o que aconteceu em junho do ano passado, não é?”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.