Aécio diz não sentir 'constrangimento' por ter utilizado aeroporto em Cláudio

Em entrevista ao 'Jornal Nacional', candidato é questionado sobre obra a 6km de fazenda pertencente à família do tucano 'há 150 anos'

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Por Pedro Venceslau e Luciana Nunes Leal
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Sob pressão. Aécio durante entrevista na Rede Globo: candidato tucano também foi questionado sobre o mensalão mineiro Foto: Divulgação

Na primeira das entrevistas de candidatos à Presidência na bancada do Jornal Nacional, da Rede Globo, Aécio Neves, do PSDB, disse que não sente nenhum "constrangimento ético" por ter utilizado o aeroporto construído no município mineiro de Cláudio em um terreno que pertenceu a seu tio-avô, Múcio Tolentino. A pista, que foi construída com dinheiro público durante seu governo, está localizada a 6 km da fazenda da família de Aécio. Como não foi homologada pela Agência Nacional de Avião Civil (Anac), não poderia ter sido utilizada. O tucano, porém, admite tê-la usado. "Não tenho constrangimento ético, até porque eu não sabia que a pista não estava homologada", disse Aécio. O âncora William Bonner afirmou, em resposta, que a homologação era uma questão burocrática. "Minha pergunta é sobre usar um aeroporto construído pelo Estado de Minas Gerais para visitar uma fazenda sua. Isso não o constrange?" O tucano respondeu dizendo que o fato central é que a Anac "é muito aparelhada hoje" e durante três anos não conseguiu fazer o processo de homologação avançar. O jornalista, no entanto, insistiu na questão ao candidato: "O que vale mais: uma fazenda com ou sem um aeroporto ao lado?" O presidenciável afirmou então que a fazenda pertence à sua família "há 150 anos" e tem "14 cabeças de gado". Aécio disse ainda que o lugar é um sítio onde sua família vai eventualmente nas férias. "Ali ninguém está fazendo negócio. Criou-se em torno desse caso uma celeuma. O sítio é familiar, pequeno e não tem nada com esse aeroporto." O tucano também foi questionado sobre o mensalão mineiro, episódio no qual o ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo é acusado de desviar dinheiro público para bancar a campanha à reeleição ao governo de Minas em 1998. Aécio afirmou que o caso é diferente do mensalão federal, em que petistas foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal. "No caso do PT houve uma condenação. Se alguém do PSDB for condenado não será, como no PT, tratado como herói nacional."  Desta vez, coube à jornalista Patrícia Poeta questioná-lo sobre sua relação com Azeredo. "Ele está ao seu lado no palanque apoiando sua campanha. Isso lhe causa algum desconforto? Não é passar a mão na cabeça de um réu?" Aécio disse então que era Azeredo quem o apoiava, "e não o inverso" e que ele "vai responder pelos atos dele". Em outro momento, Patrícia Poeta lembrou que o senador tucano tem dito que vai manter os principais programas sociais do governo atual, como o Bolsa Família e o ProUni (Programa Universidade para Todos). "A sensação que dá para muitos eleitores é que o sr. aprova o desempenho do PT na área social. Por que então esse eleitores iriam querer mudar de presidente?", questionou a jornalista. "O Bolsa Família é a junção do Bolsa-Escola, do Bolsa-Alimentação e do Vale-Gás, que vieram do governo do presidente Fernando Henrique e que corretamente o presidente Lula unificou e adensou", disse o candidato. E prometeu que em um eventual governo tucano vai haver "previsibilidade" em relação às tarifas de energia elétrica e combustível. "Ninguém espere por medidas mirabolantes. Temos de realinhar os preços."Bandeirantes. Anteriormente, em entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, na madrugada de ontem, o candidato do PSDB à Presidência criticou o governo da presidente Dilma Rousseff pela relação amistosa com “os vizinhos que fazem vista grossa à produção de drogas”

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