Em queda nas pesquisas, a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, afirmou nesta quarta-feira, 1, que tem certeza que vai para o 2º turno. "A sociedade brasileira e eu já estamos no 2º turno. Temos plena convicção de que os brasileiros não vão transformar esta eleição em um plebiscito", disse após uma visita à comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo.
Questionada se mudaria a estratégia diante da recuperação do tucano Aécio Neves na pesquisa, Marina disse que não e que continuaria debatendo as suas propostas. "Estamos firmes no propósito de mudar o Brasil. Nós apresentamos um programa. A presidente Dilma (Rousseff) não apresentou. Aécio apresentou um faltando cinco dias para a eleição, para não dar tempo de debatê-lo", afirmou.
Na terça-feira, porém, a candidata do PSB endureceu o discurso e fez críticas mais contundentes a Dilma, que concorre à reeleição. Segundo a coordenação da campanha, esse será o tom até o dia da eleição.
Durante a entrevista coletiva, Marina também rebateu as acusações recentes da adversária petista. Dilma acusou Marina de ter "desvio de caráter" por ter mentido sobre a forma que votou em relação à CPMF quando era senadora.
"Falta de caráter é vir a uma comunidade como essa e prometer um hospital e não cumprir depois de quatro anos. Isso sim é mentira", disse a candidata, ressaltando uma reclamação dos moradores de Paraisópolis quanto à promessa que Dilma não haveria cumprido.
A candidata falou ainda sobre o novo ataque do PT, que começou a veicular na TV uma propaganda em que acusa Marina de andar com "gente da ditadura", em referência ao apoio dado ao candidato ao Senado em Santa Catarina Paulo Bornhausen (PSB) - filho de Jorge Bornhausen, que foi da Arena, partido que deu sustentação ao regime militar.
"As companhias que a presidente tem, como o (Fernando) Collor, (José) Sarney, (Paulo) Maluf, Renan Calheiros, Jader Barbalho, essa sim é a verdadeira contradição", afirmou.
Correios. Marina também comentou a reportagem publicada nesta quarta pelo Estado, no qual um deputado estadual de Minas diz que a presidente Dilma só subiu nas pesquisas no Estado graças ao trabalho dos funcionários dos Correios. Segundo Marina, esse caso é um reflexo do sistema de reeleição, que classificou como "uma chaga neste País".
"A reeleição começou de forma errada, com compra de votos, inaugurando o mensalão no Congresso Nacional", disse a ex-ministra em referência à denúncia de compra de voto para aprovar a emenda da reeleição no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Marina repetiu que ela e sua coligação são contra a reeleição por ser um sistema incentiva o aparelhamento do Estado e uso político das instituições públicas, como pode ter sido o caso com os Correios. "Esse tipo de prática deve ser condenado pela sociedade e, principalmente, pela Justiça Eleitoral", afirmou.