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A guerra no banco começou na troca da presidência da Vale

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Por Redação
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Bastidores: David Friedlandere Leandro ModéA crise que tomou conta do Banco do Brasil teve origem bem longe de Brasília. Começou no Rio de Janeiro, há cerca de um ano, durante o processo de substituição do executivo Roger Agnelli na presidência da Vale. Neste momento, entram em cena dois Ricardos. Um deles é Ricardo Flores, que comanda o conselho de administração da mineradora e preside a Previ, bilionário fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. O outro é Ricardo Oliveira, mais conhecido como 'Ricardo Gordo'. Vice-presidente de governo do BB, ele é considerado por muitos o homem mais influente da instituição hoje. É próximo do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. A Ricardo Gordo é atribuída, por exemplo, a indicação de Aldemir Bendine para a presidência do BB, em 2009. Quando o governo articulava a troca de comando na Vale - que é privada, mas sofre forte influência de Brasília - , o grupo de Ricardo Gordo tentou emplacar o sucessor de Agnelli. Foram duas indicações: Rossano Maranhão, ex-presidente do BB hoje no comando do Banco Safra, e o próprio Bendine. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, preferiu Murilo Ferreira, executivo que já tinha passado pela Vale. Flores respaldou a escolha do ministro, o que contrariou Ricardo Gordo e Bendine.Pessoas ligadas ao grupo de Ricardo Flores afirmam que, ao perder a Vale, a artilharia do grupo rival se voltou para a presidência da Previ, que tem em caixa mais de R$ 160 bilhões para investir. Do outro lado, pessoas próximas a Ricardo Gordo dizem que Flores teria apoiado uma suposta tentativa do então vice-presidente internacional do BB, Allan Toledo, de assumir a presidência do banco no lugar de Bendine. Toledo acabou demitido no fim do ano passado. Nessa disputa por poder, Bendine, Flores e Ricardo Gordo acabaram irritando o Planalto e podem sair derrotados. Dentro do governo, já se falava ontem em uma eventual substituição tanto no comando do BB quanto no da Previ. Na defesa de seus interesses particulares, os grupos de Bendine e Flores talvez tenham se esquecido de uma frase que Ricardo Gordo, amante de estratégia militar, costuma citar com frequência: "Político é como gato. Não gosta do dono, mas do leite."

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