Após dobrar de intenção de voto logo após o início da propaganda eleitoral na TV, Haddad não cresceu nas últimas duas semanas. Do ponto de vista dos petistas, o novo Ibope sugere que as declarações explícitas de apoio de Marta Suplicy e da presidente Dilma Rousseff não surtiram o efeito desejado. Na perspectiva dos tucanos, confirma a ideia de que os ataques diretos estão conseguindo evitar a transfusão de votos de Serra para Haddad.
Não importa se essas conclusões estão corretas. Importa qual a reação das campanhas de Serra e de Haddad. É tentador privilegiar a versão na qual se quer crer. Assim, é provável que os tucanos insistam nos ataques ao rival petista, mesmo que o efeito colateral do aumento da agressividade seja uma rejeição crescente a Serra. O PT, por sua vez, deve seguir ironizando o tucano. No fim, os dois lados realimentam o círculo vicioso que abriu espaço para a terceira via e para Russomanno.
Entre os eleitores com nível superior, por exemplo, o petista foi de 15% para 12%, mas o tucano também oscilou negativamente, de 26% para 23%. Quem ganhou foi Russomanno: foi de 19% para 31%.
Esse cenário é ideal para o candidato do PRB. Ele deixa de ser o alvo prioritário dos rivais e ainda assiste, do alto, ambos se engalfinharem. O resultado dessa combinação pode ser medido pelas simulações de segundo turno. Russomanno aparece com o dobro das intenções de voto de Haddad e Serra. E quando o cenário testado não contempla o seu nome, a taxa de eleitores que optam pelo branco, nulo ou ficam indecisos salta para 30%.
A campanha negativa tende a rebaixar o teto de Serra e de Haddad. O máximo de intenção de voto a que chegam nesta pesquisa é 37% para o petista, e 33% para o tucano - na simulação de um confronto direto. Enquanto isso, Russomanno chega a 52% no segundo turno, a 27% na espontânea (que é mede o voto mais consolidado) e não passa de 12% de taxa de rejeição.
A tática tucano-petista de fomentar agressões recíprocas pode levar um dos dois candidatos a ganhar a batalha do primeiro turno, mas aumenta consideravelmente o risco de perderem a guerra da eleição.
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