Empreiteiras dão metade de dinheiro doado a partidos

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Por Redação
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As empreiteiras concentraram suas doações eleitorais nas direções partidárias em 2012. Em vez de pulverizar recursos entre candidatos e comitês de campanha, as empresas de construção optaram por centrar fogo nas cúpulas dos partidos. Acabaram responsáveis por 49% de tudo o que as agremiações partidárias receberam de pessoas jurídicas na eleição.

Essa dependência dos partidos de dinheiro de empresas que vivem de obras públicas pode provocar conflitos de interesse na hora de os prefeitos eleitos abrirem licitações e concessões. Para complicar, a estratégia das empreiteiras de doar para os partidos cria uma "caixa preta": é impossível saber qual candidato em quais cidades recebeu recursos de quais empresas.

 

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Em dinheiro, as empreiteiras doaram R$ 270 milhões às direções estaduais e nacionais dos partidos. Apesar de cerca de 250 empreiteiras terem aberto seus cofres para os políticos, a concentração é brutal: as cinco maiores doadoras foram responsáveis por quase metade do dinheiro doado pelo setor.

Apenas uma delas, a Construtora Andrade Gutierrez Ltda, deu R$ 1,00 de cada R$ 5,00 que as direções partidárias receberam das empreiteiras nestas eleições. Foram R$ 53,2 milhões para os caciques redistribuírem entre candidatos do partido. A cúpula mais aquinhoada foi a do PMDB (R$ 15,9 milhões), seguida da do PSDB (R$ 13,5 milhões), do PSB (R$ 6,7 milhões) e do PSD (R$ 4,6 milhões). O PT não recebeu nada da Andrade Gutierrez.

Em compensação, a cúpula petista recebeu R$ 5,2 milhões da Construtora OAS Ltda e da OAS S/A, R$ 1,4 milhão da Carioca-Christiani Nielsen, R$ 1,2 milhão da Galvão Engenharia S/A e R$ 970 mil da UTC Engenharia, entre outras empreiteiras.

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A Construtora Queiroz Galvão S/A, com R$ 30,8 milhões doados, e a Construtora OAS Ltda, com outros R$ 22,5 milhões, ficaram com a segunda e a terceira colocações no ranking das empresas que mais contribuíram para os cofres das direções partidárias nestas eleições. Das "top 10" empresas mais generosas com os partidos, seis foram empreiteiras. As outras três foram Camargo Corrêa, Norberto Odebrecht e Carioca-Christiani Nielsen.

A outra metade das doações de empresas para as direções partidárias veio principalmente de quatro setores: alimentos e bebidas (R$ 53 milhões, ou 10%), financeiro (9%), empreendimentos imobiliários (4%) e saúde/farmacêutica (3%).

Os dados sobre as prestações de contas dos partidos, comitês e candidatos foram divulgados nesta terça-feira pelo TSE. Eles não incluem as prestações de contas dos candidatos que disputaram o segundo turno.

(José Roberto de Toledo, Amanda Rossi, Daniel Bramatti e Diego Rabatone)

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