Eleições de 2012 movimentaram R$ 5,1 bilhões

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Por Redação
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Nas eleições municipais deste ano, pelo menos R$ 5,1 bilhões circularam pelos cofres das campanhas em doações eleitorais. Deste valor, 30% são financiamentos ocultos. Eles caíram diretamente nas contas de comitês eleitorais e partidos, o que impede o eleitor de saber quem foi o candidato beneficiado pelo recurso fornecido por um doador específico. Os 70% restantes foram repassados para os candidatos, sendo R$ 1,8 bilhão para os postulantes a prefeito e R$ 1,7 bilhão para os que disputaram uma vaga de vereador.

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Os caixas eleitorais foram engordados por mais de 900 mil doadores. Apenas uma ínfima parcela de 350, contudo, foi responsável pelas doações milionárias. Considerando-se apenas empresas e pessoas físicas e deixando de lado os repasses de partidos e comitês, o clube do milhão dos doadores encolhe para 150 membros, especialmente construtoras.

Os números foram obtidos a partir dos dados brutos da prestação de contas das eleições de 2012, publicados nesta terça-feira (27) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Não estão incluídas as despesas totais dos 100 candidatos que foram para o segundo turno. Eles entregaram ontem suas contas de campanha, vinte dias depois dos demais candidatos, e os dados ainda não estão disponíveis.

Assim, campanhas caras e que arrecadaram altas somas, como as do prefeito eleito em São Paulo, Fernando Haddad (PT), e do seu concorrente José Serra (PSDB), estão parcialmente fora da conta do TSE, desinflando a conta do total de receitas. Quando forem incluídas as doações para os candidatos que foram para o segundo turno, a conta do total movimentado na campanha vai aumentar ainda mais.

Considerando-se apenas os candidatos eleitos em primeiro turno, quem mais arrecadou foi Márcio Lacerda (PSB), prefeito reeleito em Belo Horizonte. Ele obteve R$ 215 milhões. Eduardo Paes (PMDB), reeleito no Rio de Janeiro, aparece logo em seguida, com arrecadação de R$ 212. Fatiando o total de doações por partido, o PMDB é o que conseguiu a maior cifra, com R$ 870 milhões recebidos em todos os níveis - candidatos, comitês e diretórios. PT atingiu R$ 704, PSDB R$ 601 e PSB R$ 407.

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As empresas foram as maiores financiadoras das eleições. Do total de dinheiro que entrou nas campanhas, 27% veio de pessoas jurídicas. Outros 23% tiveram origem em pessoas físicas. Os candidatos também declararam ao TSE uma elevada quantia de recursos próprios, que chega a 18% do total. Outros 30% são recursos de partidos políticos ou de outros candidatos e comitês.

A arrecadação pela Internet, uma modalidade de financiamento adotada há menos tempo, só fez cócegas nas contas de campanha. No total, chegaram pela rede R$ 544 mil, vindos de somente 779 doadores. O maior beneficiado por esse tipo de doação foi Marcelo Freixo, candidato derrotado do PSOL à prefeitura do Rio de Janeiro. O baixo fluxo pela Internet destoa do valor arrecadado pelos EUA pela Internet. Obama e os democratas obtiveram US$ 295 milhões online, com cerca de 4 milhões de doadores, entre agosto e setembro deste ano.

Já as despesas de campanha ficaram bem próximas do total de doações: R$ 5,2 bilhões. Pagamentos feitos por candidatos a fornecedores representam cerca de 70% do total dos gastos. Comitês e diretórios partidários gastaram o restante, mas não é possível saber quais candidatos foram beneficiados pelo uso do dinheiro.

* Amanda Rossi, José Roberto de Toledo, Daniel Bramatti e Diego Rabatone

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