PUBLICIDADE

Datafolha: branco e nulo vira voto na oposição

A mudança de cenário retratada pela pesquisa Datafolha nesta sexta-feira é muito mais consistente do que a esboçada pelo Sensus na semana passada. Não foi apenas Aécio Neves (PSDB) que cresceu, mas toda a oposição. Mais importante, os votos não foram uma transfusão direta de Dilma Rousseff (PT) para o tucano, mas saíram principalmente da coluna de brancos e nulos.

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

A corrida eleitoral segue como esperado: o desejo de mudança que primeiro inflou o não-voto vai transformando, aos poucos, o descontentamento desse eleitor em intenções de voto nos candidatos da oposição. Aumentaram seis pontos em um mês, segundo o Datafolha. Foram de 32% para 38% do eleitorado, empatando tecnicamente com Dilma, que oscilou de 38% para 37%.

PUBLICIDADE

A diferença veio da soma dos que haviam dito que votariam em branco, anulariam ou não sabem responder: caiu de 29% para 22%. Significa que embora muitos eleitores estejam descontentes com os políticos em geral, eles parecem mais insatisfeitos com Dilma do que com seus adversários. À medida que os conhecem melhor, têm mais chance de declarar voto neles do que nela.

Foi o que aconteceu com Aécio. O tucano teve uma exposição acima da média desde meados de abril, fruto de uma bem encenada coreografia que projetou a imagem do candidato. O PSDB primeiro oficializou sua pré-candidatura, depois antecipou seu horário de rádio e TV e ainda contou com duas pesquisas eleitorais favoráveis que repercutiram os movimentos anteriores.

O resultado foi a soma de quatro pontos na intenção de voto em Aécio, que passou de 16% para 20% no cenário mais provável do Datafolha, com três candidatos e oito anões. A dança dos números foi coreografada para o público em geral, mas tinha um alvo especial: a primeira fila de empresários. A alta de Aécio tem sido antecipada a eles desde antes de a Sensus vir a público.

A preferência do empresariado provoca uma corrida paralela entre o tucano e Eduardo Campos (PSB). Antes de ir pedir votos na populosa Itaquera, o ex-governador de Pernambuco fez campanha direcionada e seletiva na avenida Paulista e arredores. Sua estratégia consiste em se vender a potenciais financiadores como um adversário mais difícil para Dilma no segundo turno, por agregar potencialmente toda a oposição e parte do lulismo.

Publicidade

A resposta de Aécio foi tentar aumentar sua vantagem sobre Campos, para caracterizar-se como o oposicionista mais forte. Conseguiu, por enquanto. A diferença em favor do tucano, que era de seis pontos, agora é de nove. Aumentou 50%. Mas a disputa tem um efeito colateral que, no limite, pode até ajudar Dilma.

Campos percebeu a manobra e respondeu através de sua vice, Marina Silva. Quando ela diz que a candidatura do tucano tem cheiro de derrota, embute, intencionalmente ou não, uma chantagem: a possibilidade de não apoiá-lo formalmente num eventual segundo turno de Aécio contra Dilma.

Tudo somado, a pesquisa Datafolha mostra que a campanha está só começando e que o balé dos números terá muitos atos e piruetas.

...

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.