Análise das falas de Lula e Dilma no programa do PT

A palavra mais repetida por Lula durante a propaganda do PT foi "Dilma": 10 vezes.

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Por Redação
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E as expressões mais usadas por Dilma durante o mesmo programa foram "Brasil" e "liberdade".

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Foi um jogral bem montado. Lula fez os elogios necessários a Dilma: repetiu que a admira, associou-a a "competência" e comparou-a ao líder sul-africano Nelson Mandela. Disse que ela é sensível e intrépida, e que tem um papel a cumprir na história. Só não pediu voto diretamente para não afrontar de vez a Justiça eleitoral.

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Já a repetição da palavra "liberdade" por Dilma tem razão de ser. Das oito falas da pré-candidata durante o programa do PT, a mais longa foi para explicar sua atuação na oposição ao regime militar. Ela fez uma revisão didática sobre as liberdades suprimidas durante a ditadura, e se colocou como uma defensora dessas liberdades, à época e agora.

Esse discurso foi editado junto à comparação que Lula fez de Dilma com Mandela. O objetivo subjacente de ambas as falas foi tentar justificar a participação da pré-candidata na luta armada contra o regime e dizer que ela mudou, como o Brasil mudou.

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O destaque e tempo dedicados ao tema durante a propaganda indicam que as pesquisas do PT devem ter detectado que esse é um flanco potencialmente vulnerável de Dilma e que precisa de uma explicação convincente.

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Do ponto de vista formal, Dilma ainda está longe de se igualar ao seu mentor na eficiência do discurso. Nota-se pela comparação das "nuvens"  de palavras citadas por ambos durante o programa que o presidente usou uma quantidade bem menor, e repetiu mais vezes as que usou.

É um lugar comum do discurso político: transmitir poucas mensagens e reforçá-las pela repetição. No caso de Lula, isso ocorre naturalmente, mesmo quando ele tem um roteiro a seguir, porque seus discursos são um misto de script bem ensaiado e improviso.

Já Dilma leu na íntegra, ainda que interpretando as frases, tudo o que disse (menos quando entrevistou dois beneficiários do Luz Para Todos). O resultado foi que o vício da linguagem escrita, de não repetir palavras, contaminou a linguagem oral da candidata, ampliando demais seu vocabulário e diluindo a força das mensagens. Ao ponto de a chave de seu slogan, "avançar", ter se perdido no meio da nuvem de palavras.

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