Abstenção volta a importar para definição do resultado

Dilma Rousseff (PT) é favorita para ganhar neste domingo. É o que mostram o Ibope e - ainda que na margem de erro - o Datafolha. Mas é possível garantir que a presidente vai se reeleger? Não. O movimento pró-Dilma parou dois dias antes da eleição - numa campanha marcada pela volatilidade do eleitorado. Voltou a haver chance de a abstenção definir o resultado.

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Por Jose Roberto de Toledo
Atualização:

A vantagem da presidente refluiu para uma diferença de seis pontos, no Ibope. Está fora da margem de erro amostral, mas pode ser superada pela hipotética combinação de uma abstenção maior nas regiões onde Dilma tem mais eleitores e pela migração em massa dos indecisos para o seu adversário. No primeiro turno, a abstenção foi maior no Norte e Nordeste, redutos dilmistas.

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Em favor de Dilma há alguns fatores. Sua avaliação melhorou 40% depois que a campanha começou para valer. Ela chega ao dia do segundo turno com 46% de ótimo/bom, contra 23% de ruim/péssimo. O saldo positivo de 23 pontos é mais comum entre candidatos que se reelegem do que o contrário.

Além disso, mais eleitores de Dilma dizem que têm certeza do voto (94%) do que de Aécio (88%). A rejeição ao tucano cresceu e superou a da petista: 43% dizem que não votariam nele de jeito nenhum, contra 36% que rejeitam Dilma. E a presidente continua favorita aos olhos do eleitor: 55% apostam que ela será a eleita, contra 35% que acham que Aécio sairá vitorioso.

O eleitorado está dividido geograficamente, em uma diagonal que corta o País de Norte a Sul, e também demograficamente: jovens mais pró-Aécio e eleitores maduros pró-Dilma, mais ricos versus mais pobres, mais escolarizados versus menos escolarizados.

Esta é a eleição presidencial mais apertada que já houve no Brasil. Nunca em um segundo turno a diferença entre os dois candidatos foi tão pequena. Soma-se a isso a contradição de grande parte dos eleitores que quer mudança ao mesmo tempo que teme perder o que já conquistou. Essa divisão de interesses se expressa na oscilação das intenções de voto nas pesquisas.

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Numa situação de volatilidade como essa, uma parte não desprezível do eleitorado decide em quem vai votar apenas quando está frente a frente com a urna, após conversar com familiares e amigos e sentir a pressão social das pessoas de seu convívio. Ou seja, depois que a última pesquisa foi feita e divulgada. Por isso nem as sondagens de véspera conseguem prever o resultado quando a diferença está tão apertada quanto agora.

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