Muitos consideram o procedimento de escolha pouco transparente e excessivamente politizado, sem participação da sociedade e com critérios frouxos. Isso se mostrou verdadeiro ao longo de sabatinas anteriores, resumidas a meros momentos de celebração e elogios.
A sabatina de Alexandre de Moraes, mesmo longa, foi amena. A polêmica sobre sua proximidade com o governo, as acusações de truculência na condução de ações de segurança pública e os conflitos de interesse foram arguidos, mas receberam respostas evasivas ou simplesmente negativas, sem que isso representasse ameaça a sua indicação.
As dúvidas sobre o papel que poderá exercer como um dos julgadores da Lava Jato, podendo afetar o núcleo do governo do qual fez parte, tampouco ressoaram no Senado, talvez pelo fato de muitos dos senadores sabatinadores também estarem sob o crivo da Lava Jato e, consequentemente, de Moraes. No geral, a impressão foi de uma sabatina desprovida de controle e relevância. A sociedade permaneceu alijada do processo, feito às pressas, e as dúvidas seguem sem resposta.
Eloísa Machado de Almeida, professora e coordenadora do Supremo em Pauta.