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"Usamos a tecnologia mais avançada do mundo", diz Defesa, sobre buscas de desaparecidos da Guerrilha do Araguaia

Sob críticas de grupos de familiares de desaparecidos, o governo federal afirma que está empregando os recursos disponíveis mais avançados em seu trabalho de busca e identificação dos restos mortais dos integrantes da Guerrilha do Araguaia. Segundo informações do advogado Sávio Andrade Filho, representante do Ministério da Defesa no Grupo de Trabalho do Araguaia (GTA),  foram aprimoradas várias etapas da pesquisa: a área de escavações ficou mais definida, o número de peritos foi ampliado e coletou-se mais material para o banco de dados com o DNA de familiares dos guerrilheiros desaparecidos. Na avaliação dele, são avanços que logo deverão produzir resultados.

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Por Roldão Arruda
Atualização:

De um total de 62 desaparecidos na guerrilha, ocorrida há quase quase 40 anos, os dois únicos casos de identificação bem sucedidos ocorreram na década de 1990. Muito antes da instituição do GTA.

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Na entrevista abaixo, Andrade Filho fala dos esforços do governo.

A que atribui a ausência de resultados na localização e identificação dos guerrilheiros? As buscas ocorrem numa área muito grande, que envolve todo o sul do Pará e o norte do Tocantins (a área estimada é de 7 mil km2, margeando o Rio Araguaia).  A região também não é propícia para manutenção de restos mortais. Além da grande incidência de chuvas, o solo é muito mineralizado. Outra dificuldade aparece nos cemitérios, que não têm registros regulares. Ouvimos relatos de enterros, mas não encontramos os registros. É importante destacar, porém, que apesar das dificuldades nós temos tido avanços.

 Foto: Estadão

De que tipo? Em primeiro lugar, hoje nós dispomos de muito mais informações do que no início dos trabalhos. Nós ouvimos relatos de mais de 150 pessoas nesses anos, incluindo militares, camponeses, ex-mateiros. Isso é muito importante para orientar as escavações. Por outro lado, hoje temos a melhor equipe de peritos do País na área de identificação de DNA - o que é muito importante, se considerar que os restos mortais são encontrados em situação muito degradada, fato que dificulta a extração do código genético. Temos peritos da Polícia Federal, dos institutos de medicina legal de São Paulo, Goiás e do Distrito Federal. Também foram mobilizados peritos da USP e da Força Nacional. A tecnologia empregada é a mais avançada do mundo.

 Foto: Estadão

Onde se encontram agora os restos mortais encontrados? No hospital da Universidade Nacional de Brasília. São 19, incluindo os dois que encontramos no mês passado.    Acredito que o trabalho de identificação desses restos  mortais será facilitado pelo fato de termos atualmente um volume de material genético de familiares muito maior do que quando começamos. Isso é fundamental para comparações.

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Mais familiares se dispuseram a fornecer material genético? Sim. O material é obtido por meio de ações da Secretaria de Direitos Humanos e da Comissão de Mortos e Desaparecidos, que tratam do assunto com os familiares. Quando começamos, tínhamos material de 40% das famílias. Hoje temos 90%.

E os outros 10%? Algumas famílias não foram localizadas. Outras não querem fornecer o material.

Quantas expedições já foram feitas? O número varia de cinco a seis expedições por ano.

Em qual área estão trabalhando? Graças às informações acumuladas nestes anos, estamos afunilando os trabalhos de campo. As ações estão concentradas agora na região norte do Tocantins, especialmente no cemitério de Xambioá, onde foram exumados os restos mortais de Maria Lucia Petit da Silva e Bergson Gurjão Farias, os dois únicos guerrilheiros identificados até hoje.

Que tipo de especialista vai na expedição? É um grupo multidisciplinar, que envolve geologia, geofísica, antropologia forense, medicina legal, odontologia, cartografia. Os cartógrafos do Exército acompanham todos os trabalhos e fazem registros com precisão milimétrica das escavações. O Exército também é responsável pelo apoio logístico. A Aeronáutica participa quando há necessidade de deslocamento aéreo. Os restos mortais que encontramos no mês passado foram levados a Brasília pela Força Aérea.

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