Entre os religiosos presentes à celebração encontrava-se o cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo. O ato também contou com a participação do Coro Luther King. Uma das músicas entoadas por seus integrantes foi Suíte dos Pescadores, de Dorival Caymmi. Era a música que os militantes políticos encarcerados na sede do Dops, em São Paulo, cantavam quando algum deles era retirado da cela para ser interrogado, torturado e, muitas vezes, assassinado.
Também estavam no cemitério o deputado estadual Adriano Diogo (PT), presidente da Comissão da Estadual da Verdade, e o vereador Gilberto Natalini, que coordena comissão semelhante na Câmara Municipal. O prefeito Fernando Haddad (PT) foi representado pelo secretário municipal de Direitos Humanos, Rogério Sottili.
A cerimônia aconteceu diante do columbário do Araçá, onde estão depositadas cerca de mil ossadas encontradas no Cemitério de Perus, há quase vinte anos. Acredita-se que boa parte delas pertence a militantes políticos mortos e enterrados sem nenhuma identificação.
Para José Luiz Del Roio, ex-militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN) e integrante do Comitê Paulista pela Memória, Verdade de Justiça, a não identificação dos corpos é uma das piores heranças da ditadura. "Talvez seja a maior prova da leniência, da falta de empenho do Estado em apurar os crimes da ditadura militar e da falta de respeito aos familiares de mortos e desaparecidos", diz ele.
Ainda segundo Del Roio, é a a impunidade dos crimes cometidos pelos agentes da ditadura no passado que estimula assassinatos e desaparecimentos até hoje.
O ato inter-religioso, oficialmente denominado Pelo Dever e Pelo Direito de Sepultar os Mortos, teve apoio do Conselho Latino Americano de Igrejas, do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs e da Central Única dos Trabalhadores.
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