Será instalada amanhã, dia 25, a Comissão da Memória e da Verdade da Prefeitura de São Paulo. Durante o ato, o prefeito Fernando Haddad deve anunciar os nomes dos cinco responsáveis pela condução dos trabalhos do grupo. O mais conhecido é o jornalista e escritor Fernando Morais, autor dos livros A Ilha, Corações Sujos, Chatô- O Rei do Brasil e Olga, entre outros.
Como político, Morais foi deputado estadual e dirigiu as secretarias de Cultura e Educação, nos governos de Orestes Quércia e Luiz Antonio Fleury Filho, ambos pertencentes ao PMDB. Atualmente prepara um livro sobre a vida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, focalizando o período que vai de sua prisão em 1980 até o final de seu segundo mandato, em 2010.
Também devem compor o grupo: Audálio Dantas,César Cordaro, Ferminio Fecchio e Tereza Lajolo.
Audálio presidia o Sindicato dos Jornalistas do Estado à época do assassinato de Vladimir Herzog, em 1975;Cordaro é advogado e integra o Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça; Fecchiofoi ouvidor Polícia do Estado e recebeu em 2003 o Prêmio de Direitos Humanos da OAB-SP; e Teresa, que é professora, foi vereadora pelo PT e secretária municipal de Transportes na administração da prefeita Luiza Erundina. Ela também ocupou o cargo de relatora na CPI da Câmara que tratou das valas comuns do Cemitério de Perus.
A lei de criação da comissão foi aprovada na Câmara e sancionada por Haddad em julho. Ela terá o papel de ajudar a esclarecer o papel desempenhado pela Prefeitura de São Paulo e agentes públicos municipais, no período da ditadura, entre 1964 a 1988. As investigações, segundo informações da assessoria da Prefeitura, deverão apurar indícios de perseguição e demissão de funcionários por motivação política, a ocultação de pessoas em cemitérios públicos municipais e a censura e repressão a educadores da rede pública municipal, entre outras frentes.
Durante o trabalho de criação da CPI, o secretário municipal de Direitos Humanos, Rogério Sottili, lembrou que "a cidade de São Paulo concentra cerca de 20% dos mortos e desaparecidos políticos registrados no Brasil".
Um dos principais focos de atenção da comissão será apoiar os trabalhos de investigação das 1049 ossadas encontradas em 1990 navala clandestina de Perus. Acredita-se que os restos mortais de desaparecidos políticos façam parte das ossadas.