LONDRES - A imprensa internacional aponta que a presidente Dilma Rousseff sofreu forte impacto com a saída de Antonio Palocci, apontado como o representante mais forte de seu governo. Ele pediu demissão ontem à noite do cargo de ministro-chefe da Casa Civil, pressionado por suspeitas de enriquecimento ilícito e tráfico de influência.
Para o "Financial Times", a renúncia ao cargo mais elevado do gabinete representa um "sério golpe" para a administração que ainda está começando e para a confiança dos investidores no governo brasileiro. "A saída do político mais influente ameaça enfraquecer a influência de Dilma sobre sua coalizão de difícil controle num momento em que seu governo de cinco meses está tentando apertar o gasto público para ajudar a abrandar a alta da inflação", diz o site do jornal britânico.
O "Wall Street Journal" avalia que o caso é um "grande revés" para o governo, pois Palocci possui o toque político que a "doutrinária Dilma nunca demonstrou". Para o "WSJ", a saída de Palocci pode até trazer um retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à política brasileira.
A publicação trata a nova ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, como uma "senadora pouco conhecida de um Estado rural". A escolha mostra como a presidente está desamparada ao perder seu estrategista político chave, afirma o "WSJ".
O jornal também acredita que a renúncia não cairá bem para Wall Street. "Palocci era visto como uma voz importante para as políticas econômicas mais ortodoxas num gabinete de inclinação de esquerda com tendências a experimentar prescrições políticas mais radicais em relação aos gastos, administração da moeda e outros fundamentos."
Para o "New York Times", a situação na Casa Civil enfraqueceu a influência de Dilma sobre o Congresso e sua imagem como líder, conforme analistas e membros da oposição.
Na Espanha, o "El País" traz como título: "Homem forte de Dilma se demite por um escândalo de corrupção". Segundo analistas políticos, a saída de Palocci se tornou inevitável, apesar de que sua renúncia abre "a primeira crise política importante" da sucessora de Lula desde que chegou ao poder, em janeiro.