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Em Campinas, PT começa a buscar apoio para o segundo turno

Ricardo Brandt, especial para O Estado de S. Paulo

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Por Redação
Atualização:

CAMPINAS - O candidato a prefeito de Campinas do PT, Márcio Pochmann, conseguiu levar a disputa para o segundo turno e começa oficialmente nesta segunda-feira as conversas com aliados do PDT, tendo como meta principal o apoio do PMDB, para a disputa com o adversário Jonas Donizette (PSB) - que até a boca de urna apresentava chances de definir a disputa no primeiro turno. Indicado diretamente pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a eleição, após o partido se envolver no maior escândalo de corrupção da prefeitura no ano passado, o petista partiu de 1% de intenções de voto em julho e chegou ontem a 28% dos votos válidos, contra 47% do adversário. O prefeito Pedro Serafim (PDT), que também tinha chances de ir para o segundo turno, terminou com 18% dos votos.

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Com uma campanha dominada por trocas de acusações entre os adversários, a disputa foi nacionalizada pela polarização entre o PT e o PSDB - que tem o vice de Jonas, Henrique Magalhães Teixeira.

Enquanto Pochmann teve em seu palanque Lula e ministros como Aloizio Mercadante (Educação), Alexandre Padilha (Saúde), Miriam Belchior (Planejamento) e Gilberto Carvalho (Secretaria-geral da Presidência), Jonas contou com o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) e o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos.

"Nosso objetivo nesse primeiro momento era estar no segundo turno. Nós fomos superando uma série de hipóteses levantadas em relação à nossa coligação. Primeiro as de que o Partido dos Trabalhadores não teria candidato e se aliaria a outra candidatura. Depois foi dito que não teriamos capacidade de construir uma coligação. Depois foi dito que não teríamos condição de chegar ao segundo turno", afirmou Pochmann.

Sobre seu crescimento, o candidato atribuiu o  resultado a fatores como a coligação com o PSD, que representa o empresariado da cidade, às propostas de governo e o trabalho da militância. Sem citar o seu maior cabo eleitoral, o ex-presidente Lula, Pochmann reconheceu que foi "um privilégio" seu apoio, mas lembrou que sua escolha para a disputa fez parte de um projeto de renovação de quadros dentro do PT.

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"Não dexei de lado [seu apoio], entendo que o presidente Lula, a despeito da personalidade que ele é, é um militante e veio aqui como um militante. Há um ano, quando me chamou para um diálogo, ele falou da necessidade de renovalção dentro do Partido dos Trabalhadores. Ele me falou como militante, não como presidente, como alguém preocupado em apresentar quadros que estejam conectados com esse novo Brasil que ele ajudou a construrir", disse Pochmann.

Além do PMDB, com quem lideranças do partido já mantiveram conversas, os petistas vão correr atrás do apoio do PTB, do PP e do PR. Uma eventual conversa com o PDT, de Serafim e do prefeito cassado Hélio de Oliveira Santos, é vista com reservas e deve ser rejeitada internamente. A aliança PDT e PT, no governo Hélio, é diretamente associada pelos adversários aos escândalos de corrupção na Sanasa (empresa de água da cidade), que terminou com dois prefeitos cassados, 11 pessoas presas e 28 denunciados por formação de quadrilha à Justiça - entre eles, o vice-prefeito petista Demétrio Villagra.

Jonas vai contar com o apoio do governador Geraldo Alckmin para disputar o apoio de partidos que fazem parte da base de sustentação no Estado, como o PTB, do deputado estadual Campos Machado. Uma aproximação com o PDT também é vista com cautela, principalmente depois do enfrentamento entre os candidatos durante a campanha.

Serafim foi um dos maiores críticos de Jonas durante a corrida eleitoral, atribuindo a ele a implantação de pedágios urbanos na cidade. "Em todas as zonas eleitorais a nossa candidatura foi vitoriosa. Eu me preparei para esse segundo turno", afirmou Jonas, que esperava sua vitória já no primeiro turno.

Votos Ao todo, foram contabilizados 603.166 votos até as 21h, com 490 votos válidos, o equivalente a 81%. Com 758 mil eleitores, maior colégio eleitoral do interior, a disputa em Campinas era considerada estratégica tanto pelo PT como pelo PSDB, que colocou todas suas fichas no candidato do PSB.

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O candidato do PT disse logo pela manhã durante a votação que tinha o segundo turno como certo. "A partir de amanhã teremos uma segunda oportunidade de apresentar as nossas propostas. E aí que vamos ter as condições melhores para fazer a disputa em Campinas", afirmou Pochmann. O candidato do PT começou a disputa em julho com 1% das intenções de voto,  subiu em agosto para 8%, depois para 18% em setembro e ontem teve 19% no último levantamento Ibope.

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"Certamente a presença das lideranças dos nosso partidos, assim como a de vários ministros, deram maior consistencia à identificação que nós temos com o governo federal, porque expressamos ao nosso modo de ver o mesmo modelo e mesmo estilo de governar já implementados pelo presidente Lula e pela presidenta Dilma", afirmou o candidato, revisitando um discurso que foi explorado durante toda campanha.

O candidato do PSB, único nome alheio aos escândalos de corrupção na cidade, liderou a corrida durante toda campanha e chegou a 50% das inteções de voto em setembro, para depois cair para 42%. Pela manhã, ele evitou falar em vitória no primeiro turno, mas lembrou os escândalos de corrupção na cidade e os seus efeitos. "É um momento diferente para Campinas. Não é uma eleição igual as outras. A desilusão foi muito grande diante de tudo que aconteceu", afirmou o candidato.

Os escândalos de corrupção influiram diretamente também no índice de votos válidos. Foram 5,83% de votos em branco, 12,79% de nulos e 19,57% de abstenções Os demais candidatos da disputa não ultrapassaram os 3% cada. Arlei Medeiros (PSOL) teve 2,42% dos votos, Silvia Ferraro (PSTU), 2,17% e Dr. Campos (PRTB), 0,83%. Os votos do candidato Rogério Menezes (PV) não foram divulgados, porque sua candidatura foi impugnada na sexta-feira. Com a definição de sua impugnação pode haver uma alteração de percentual dos votos válidos, mas não deve influir em uma mudança sobre definição em primeiro turno.

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