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Cardozo critica 'espetacularização' de operações da PF

Lucas de Abreu Maia

Por Ricardo Chapola
Atualização:

O futuro ministro da Justiça no governo de Dilma Rousseff, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), juntou-se ao coro dos que criticam a "espetacularização" das ações da Polícia Federal. Embora tenha defendido a atuação da PF no governo Lula - que, segundo ele, teve uma atuação "histórica", Cardozo disse que trabalhará para combater os excessos nas operações policiais. "Sinceramente, do ponto de vista da seriedade investigativa, do respeito aos direitos das pessoas, a espetacularização não é bem-vinda", disse, em entrevista desta segunda-feira, 6,à Rádio Eldorado.

Escute aqui a íntegra da entrevista.

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Cardozo defendeu ainda mudanças nos códigos Civil e Penal, e a integração entre Estados e União no combate ao crime organizado. Abaixo, os principais trechos da entrevista.

Integração

"A segurança pública, por missão constitucional, depende aos Estados. Mas isso não exime, em hipótese nenhuma, os municípios e a própria União de estarem integrados no combate ao crime organizado. Cabe ao Governo Federal a pactuação de políticas, a unificação de ações, a troca de experiências, a soma de forças. Tudo isso é imprescindível no momento em que se coloca - como quer a presidente Dilma Rousseff - esta questão como uma ação prioritária do seu governo. Nossa intenção é preparar uma reunião com governadores dos Estados - e depois com prefeitos das capitais - para fazer um plano nacional para o enfrentamento desta questão."

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Articulação internacional

"Eu acho que, daqui para a frente, nós temos que ter esta dimensão de combate integrado, seja no plano da federação brasileira, seja na integração com outros países. Estive, logo após o anúncio de que eu estaria à frente da pasta da Justiça, em contato com o ministro da Justiça da Bolívia, e ficou absolutamente claro que precisamos dessa integração, com muita velocidade, entre os países: seja com a Bolívia, com o Paraguai ou com a Colômbia. Todos os países que têm fronteira com o Brasil e onde tem essa circulação do tráfico de drogas precisamos de uma integração de inteligência e uma integração da atividade policial. Estamos num momento na América do Sul em que esta integração é muito possível. Há diálogo, há respeito entre os países e há vontade comum de se tratar o assunto."

 Opinião pública

"O crime organizado se combate em vários níveis. Um deles é na opinião pública, que tem que entender os processos e acompanhar passo a passo aquilo que é feito."

 Forças Armadas

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   "As três armas - exército, marinha e aeronáutica - têm que estar rigorosamente envolvidas em ação desse tipo (combate ao crime organizado). Às vezes você vê disputas entre uma força e outra, ou entre a Polícia Federal. Isso tem que parar, nós temos objetivos comuns."

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 Mudanças na legislação

 "Temos um problema na nossa justiça que é a morosidade, que gera uma profunda sensação de impunidade - o que é péssimo. Nós temos de ter um processo jurisdicional mais ágil - claro, sem o desrespeito de garantias, sem o desrespeito do Estado de direito. Para isso, é necessário mudar a nossa legislação processual. Tanto o nosso Código de Processo Penal quanto o Código de Processo Civil precisam ser adaptados a esta realidade. Já há todo um esforço feito pelo Senado Federal - ao qual cada vez mais o ministério da Justiça precisa se incorporar - para que possamos ter leis processuais adequadas."

Espetacularização da PF

 

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 "A Polícia Federal teve um papel, ao longo do governo do presidente Lula, que historicamente tem que ser reconhecido. A ação policial não se voltou apenas para pobres. Se voltou também para políticos e para gente poderosa do ponto de vista financeiro. Agora uma coisa que nós temos que trabalhar - e já foi trabalhada - é a espetacularização da ação policial. Ação policial e espetáculo são coisas que não combinam. Isso pode render dividendos políticos, agora, sinceramente, do ponto de vista da seriedade investigativa, do respeito aos direitos das pessoas, a espetacularização não é bem-vinda."

 

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