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Direto ao assunto

Explica, Janot!

Janot precisa explicar à sociedade prêmio excessivo a Joesley por delatar Temer, que também deve explicações

Por José Neumanne
Atualização:

Por delatar, Joesley ganhou de procuradores prêmio maior, a liberdade, Foto MPF Foto: Estadão

O marchante Joesley Batista estar solto, com a família em Nova York, enquanto outros acusados nos mesmos processos a que ele responde, é tão absurdo que pode ser caracterizado como abuso de autoridade de quem lhe concedeu essa condição. Uma das poucas verdades que o presidente Temer disse ao tentar, de forma pouco convincente, negar os fatos narrados na delação do dono da JBS foi que ele é um falastrão. Comprova-o a afirmação que o próprio Joesley fez de que blefou ao dizer que teria comprado dois juízes. É um crime que põe em dúvida tudo o que não for comprovado nas delações dele e de seus funcionários e que também poderia servir de motivo para cancelar o acordo. Explica, Janot!

(Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado - FM 107,3 - na segunda-feira 22 de maio de 2017, às 7h30mm)

Para ouvir clique aqui e, em seguida, no play

Para ouvir E agora, José?, com Paulo Diniz, clique aqui

Para ouvir José, de Carlos Drummond de Andrade, na voz do poeta, clique aqui

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Abaixo o poema José, de Carlos Drummond de Andrade:

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JOSÉ

E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José?

Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José?

E agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio - e agora?

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Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora?

Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José!

Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?

 

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