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Direto ao assunto

E Dilma sabia

Arrogante e estúpida, Dilma quer que acreditemos que se comportava como Irmã Dulce e Madre Tereza

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Por José Neumanne
Atualização:

João e Mõnica delatam Dilma no TRE-BA Foto Xando Pereira /A Tarde Foto: Estadão

Pela lógica e pelas conseqüências políticas produzidas pelo arrasador depoimento do casal João Santana e Mônica Moura, ele põe por terra a longa construção fictícia e ideológica de que Dilma era uma espécie de vestal alheia a tudo o que se passava a seu redor. Ela reproduziria com muito pouca verossimilhança o papel atribuído no folclore político ao quadro de Cristo em prostíbulo: o estilo durão e centralizador que levou seu patrocinador Luiz Inácio Lula da Silva a construir sua imagem de gerentona contradiz essa imagem folclórica. E a metáfora em nada condiz com a postura arrogante, pesporrenta e autoritária da candidata. Poderia ser irmã Dulce ou Madre Tereza de Calcutá. Dilma, jamais!

(Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado (FM 107,3) na terça-feira 25 de abril de 2017, às 7h30m)

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Abaixo, a íntegra do depoimento degravado:

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Eldorado 25 de abril de 2017 Terça-feira

marqueteiro João Santana e a sua mulher, a empresária Mônica Moura, disseram em depoimentos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que a presidente cassada Dilma Rousseff discutiu com eles pagamentos ilícitos feitos para a sua campanha eleitoral à reeleição, em 2014. Isso muda de alguma forma a situação da ex-presidente perante a Justiça?

A chapa encabeçada pela petista é alvo de ação na Corte Eleitoral por suspeita de abuso de poder político e econômico. Os relatos sobre as tratativas sobre caixa 2 diferem do que disseram outros delatores, como Marcelo Odebrecht, de que a presidente cassada sabia dos pagamentos irregulares relacionados à sua campanha, mas que não havia tratado diretamente sobre o assunto.

Segundo o Estado apurou, o casal afirmou em depoimento ao relator da ação no TSE, Herman Benjamin, no Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, em Salvador, que João Santana conversou com a então presidente da República em meados de maio de 2014 sobre os pagamentos que seriam feitos via caixa 2. Mônica disse que tratou, posteriomente, sobre atrasos nos repasses com o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, e Edinho Silva, ex-tesoureiro da campanha.

De acordo com os depoimentos, a Odebrecht acertou pagar 70 milhões de reais ao casal por meio de doações legais e outros 35 milhões por meio caixa 2. Da parte não contabilizada, os marqueteiros teriam recebido algo entre 10 milhões e 12 milhões, restando uma "dívida" na casa de 25 milhões. O restante do pagamento, que seria efetuado usando uma conta no exterior, teria ficado comprometido com o avanço da Operação Lava Jato.

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O casal não teria mencionado de maneira explícita a expressão "caixa 2" ao tratar do assunto com Dilma, mas afirmou que estava claro nas conversas mantidas com a então presidente a origem ilícita do dinheiro. Em outro momento, Dilma também quis saber se era seguro o pagamento ser feito utilizando uma conta no exterior.

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Do ponto de vista da lógica e das conseqüências políticas produzidas pelo arrasador depoimento do casal Santana e Moura, ele põe por terra a longa construção fictícia e ideológica de que Dilma era uma espécie de vestal alheia a tudo o que se passava a seu redor. Ela reproduziria com muito pouca verossimilhança o papel atribuído no folclore político ao quadro de Cristo em prostíbulo, atribuído por Sebastião Nery a um histórico discurso do político paraibano José Américo de Almeida, que comparou um adversário a quadro de Cristo em prostíbulo. O estilo durão e centralizador que levou seu patrocinador Luiz Inácio Lula da Silva a construir sua imagem de gerentona contradiz frontalmente essa imagem folclórica. Além de tudo, a metáfora em nada condiz com a postura arrogante, pesporrenta e autoritária da candidata. Se era alheia, como pretende ser, não era ela. Poderia ser talvez irmã Dulce, lá da Bahia mesmo, ou Madre Tereza de Calcutá. Mas Dilma Vana Rousseff Linhares não era. Mas não era mesmo.

E como a ex-presidente reagiu à delação do casal que destroi de vez a tentativa que ela faz de permanecer uma vestal num prostíbulo, cercada de inimigos mal intencionados por todos os lados?

Por meio de nota, Dilma disse que Santana e Mônica "faltaram com a verdade" nos depoimentos prestados ao TSE. "Dilma Rousseff nunca negociou diretamente quaisquer pagamentos em suas campanhas eleitorais, e sempre determinou expressamente a seus coordenadores de campanha que a legislação eleitoral fosse rigorosamente cumprida", diz a nota enviada pela assessoria da petista.

Segundo Dilma, "tudo indica que o casal, por força da sua prisão por um longo período, tenha sido induzido a delatar fatos inexistentes, com o objetivo de ganhar sua liberdade e de atenuar as penas impostas por uma eventual condenação futura".

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Voltando à semiótica bíblica, é querer que a população inteira, ultrapassando as barreiras da fé e da verdade, confunda Jesus Cristo com Maria Buchuda. A tentativa desesperada de vender a imagem de uma conspiração de agentes federais, procuradores da Repúblicas e a Justiça criminal contra a imagem imaculada de uma santa protetora dos pobres e dos oprimidos. Aliás, é preciso registrar que Dilma e seu patrono Lula já conseguem obrar o milagre impensável de manter uma corja de militantes e intelectuais devotos que acreditam na apenas imaginável existência de um imenso dragão da maldade de tentáculos que avançam em todo o território nacional com garras imensas para apertar a garganta dos santos guerreiros. Esta política baseada na devoção por mitos populares é a causa mais assustadora do apego aos mitos socialistas do passado que têm raízes na fé medieval dos contos de terror e de fadas que impedem o Brasil de avançar.

Em artigo no Globo, o juiz Sérgio Moro alerta para a ameaça representada pelo relatório do senador Roberto Requião, do PMDB de seu Estado, o Paraná, aos avanços conseguidos com a Operação Lava Jato, que ela conduz. Esse alerta tem mesmo razão de ser?

A meu ver, o juiz tem toda razão em apontar isso. Logo no início de seu texto, ele advertiu que "as Cortes de Justiça precisam ser independentes. Necessário assegurar que os julgamentos estejam vinculados apenas às leis e às provas e que sejam insensíveis a interesses especiais ou à influência dos poderosos. A independência dos juízes tem uma longa história. Na Idade Média, os juízes do rei se impuseram, inicialmente, às Cortes locais, estas mais suscetíveis às influências indevidas nos julgamentos. Sucessivamente, os juízes se tornaram independentes do próprio rei e, posteriormente, daqueles que o substituíram no exercício do poder central, o executivo ou o parlamento". Mais adiante Moro escreeu que "ninguém é favorável ao abuso de autoridade. Mas é necessário que a lei contenha salvaguardas expressas para prevenir a punição do juiz -- e igualmente de outros agentes envolvidos na aplicação da lei, policiais e promotores -- pelo simples fato de agir contrariamente aos interesses dos poderosos.

A redação atual do projeto, de autoria do senador Roberto Requião e que tem o apoio do senador Renan Calheiros, não contém salvaguardas suficientes. Afirma, por exemplo, que a interpretação não constituirá crime se for "razoável", mas ignora que a condição deixará o juiz submetido às incertezas do processo e às influências dos poderosos na definição do que vem a ser uma interpretação razoável. Direito, afinal, não admite certezas matemáticas. Mas não é só. Admite, em seu art. 3º, que os agentes da lei possam ser processados por abuso de autoridade por ação exclusiva da suposta vítima, sem a necessidade de filtro pelo Ministério Público. Na prática, submete policiais, promotores e juízes à vingança privada proveniente de criminosos poderosos. Se aprovado, é possível que os agentes da lei gastem a maior parte de seu tempo defendendo-se de ações indevidas por parte de criminosos contrariados do que no exercício regular de suas funções."

Sem querer me igualar a Moro, que é um ídolo nacional, eu também abordei o tema no artigo que publico semanalmente no Blog do Nêumanne no portal do Estadão. No texto citado, intitulado Vingança, nunca!, adverti para o objetivo de vingança dos autores da lei falsamente preparada para combater abuso de autoridade.Peço licença para citar o último parágrafo desse texto: Deixar que essa gente se vingue preventivamente, e de forma indecente, de policiais federais, procuradores públicos e juízes que os investigam, processam e incriminam, é uma ignomínia. Pois a vítima de tal vendeta será o cidadão, que continuará pagando a conta e sendo roubado, como dantes, sem que os larápios sejam apanhados, processados e julgados. Como bradou o filósofo e membro da Academia Paraibana de Letras, padre Francisco Pereira da Nóbrega, "vingança, não!". Ou melhor: vingança, nunca!" Antes de concluir esse capítulo, acrescentarei que esse conluio apenas presidido pelo jagunço de Murici e pelo loroteiro de Curitiba tem o apoio de muitos parlamentares e chefões políticos loucos para repetir fatos do passado de impunidade que garantia sua impunidade. A Operação Lava Jato só chegou até aqui porque Márcio Thomas Bastos, o feiticeiro das chicanas invencíveis, já não está mais entre nós para fazer  bem o serviço.

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Qual é o fato recente que sustenta esse seu alerta?

A Operação Castelo de Areia foi melada, no Superior Tribunal Federal, pelo prestígio de Márcio Thomaz Bastos. E olha que na ocasião ele não era mais o poderosíssimo chefão da Polícia Federal, como ministro da justiça no primeiro governo Lula, mas apenas advogado da Camargo Correa. Elio Gaspari, em sua coluna de domingo na Folha e no Globo, lembrou que: "Em 2011, ele [Marcio Thomaz Bastos], conseguira uma vitória espetacular das empreiteiras sobre a Polícia Federal e o Ministério Público." E ele está certo. A liminar que anulou a Castelo de Areia em 2010, durante o recesso do Judiciário pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça, César Asfor Rocha, soou estranha, à época e, agora, mais ainda. O perfil de Márcio Thomaz Bastos, feito pela revista piauí, em 2009, pelo jornalista Luiz Maklouf Carvalho, revela que pela defesa da Camargo Correia na Castelo de Areia, Márcio Thomaz Bastos cobrou R$ 15 milhões, "um recorde". E pelos resultados honorários muito bem pagos. A Castelo de Areia, também foi lembrada, na Folha de S.Paulo, no quadro de domingo, 30 anos de Escândalo, entre os onze escândalos. Concluindo, o pais poderia ter economizado bilhões de dólares se a Castelo de Areia não tivesse sido anulada. E perderão muitos mais se a Lava Jato for submetida ao triturador de Renan e Requião, a dupla fatídica.

Você acha que esta imensa onda de preocupações em torno do depoimento de Lula, marcado para 3 de maio em Curitiba tem razão de ser?

Vamos perguntar ao Lula o que ele acha, almirante Nelson?

SONORA 2504 LULA

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Bem, imagino que a Polícia Federal deve ter suas razões para pedir o adiamento do depoimento de Lula de 3 para 10 de maio, uma semana depois. Não vejo em que uma semana de postergação possa dar alguma vantagem para o réu, que, por sinal, anda bem encalacrado. Não vejo motivo é para Fernando Henrique Cardoso deixar seu merecido ostracismo para advertir que Lula pode fazer disso tudo motivo para se fazer de vítima na campanha de 2018

No domingo, dia 23 de abril, Vera Magalhães publicou em sua coluna no Estadoão. que após as ?revelações do submundo da empreitocracia instituída no Brasil por Lula e Dilma não deixam dúvida: Lula era o sócio majoritário do esquema que pilhou a Petrobrás, o BNDES, contratos fraudados, medidas provisórias sob encomenda, e etc.. Essas medidas provisórias sob encomenda fizeram um mal  enorme ao pais. Olha o caso da Supertele, da oi - a maior concordado do Brasil, com divida de 65 bilhões - que só foi possível, diante de uma Medida Provisória sob medida, tipo alfaiataria. Que bom que temos a Lava Jato.

Quanto às preocupações de Fernando Henrique e com o adiamento do depoimento prefiro lembrar aquele clássico de nossa música popular E daí, de Miguel Gustavo, com a Divina Elizeth Cardoso?

SONORA E daí e daí? Elizeth Cardoso

https://www.youtube.com/watch?v=WA-6nZFNS2s

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