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Direto ao assunto

Deus nos acuda!

Baldy e Marun vêm de outros Estados, mas representarão no governo mandachuvas do Rio

Por José Neumanne
Atualização:

Baldy saiu do Podemos para representar Maia no multibilionário Ministério das Cidades Foto: Dida Sampaio/Estadão

Carlos Marun, fiel escudeiro de Eduardo Cunha, foi indicado pelo PMDB para ocupar o ministério que cuida das articulações do governo Temer com o Congresso. E Alexandre Baldy será ministro das Cidades,saindo do ostracismo nos ermos de Goiás e tendo emergido do relatório da CPI, protagonizada pelo conterrâneo Carlinhos Chacoeira, bicheiro e figurinha carimbada no escândalo em que caíram o símbolo maior da hipocrisia nacional, Demóstenes Torres, e Valdomiro Diniz, o crupiê da roleta manipulada por José Dirceu no primeiro governo Lula. Baldy desempenhou um lance ousado: já que o Planalto não aventava sua nomeação, ele mesmo a anunciou na própria rede social. Agora se sabe que é primo do poderoso marqueteiro de Temer e homem de confiança de Maia Elsinho Mouco. Isso tudo no momento em que o País angustiado acompanha a agonia do estado de direito no Estado do Rio, praça da roubalheira do godfather Sérgio Cabral e seus três mosqueteiros Picciani, Albertassi e Melo e base de Cunha e Maia. Pode? Deus nos acuda.

(Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado - FM 107,3 - na quarta-feira 22 de novembro de 2017, às 7h30m)

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Abaixo, a íntegra da degravação do comentário:

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Eldorado 22 de novembro de 2017 - Quarta-feira

Que papéis estão representando na política brasileira nestes dias em que o Rio tem sido o cenário da maior degradação possível os políticos de destaque daquele Estado?

De um lado sabe-se que o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região reduziu a pena dada pelo juiz Sérgio Moro ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha de 14 anos e 4 meses para 13 anos e 6 meses. enquanto isso, os jornais noticiam que seu aliado mais leal, mais fiel que chegou a visitá-lo na prisão em Curitiba, mesmo morando em Brasília, Carlos Marun, deputado do PMDB pelo Mato Grosso, é o mais cotado nome para ocupar o ministério que cuida da articulação política, atualmente o tucano Eduardo Imbassahy, da Bahia. Marun faz parte da bancada dos suspeitos investigados na Lava Jato, mas nunca teve o menor pudor de ser o braço forte visível de Eduardo Cunha antes e agora de Michel Temer. Ou seja, é elemento da linha de frente do grupo que o enxotado e enxovalhado Rodrigo Janot apelidou de Quadrilhão do PMDB. E a Coluna do Estadão, de Andreza Matais e Marcelo de Moraes, já o apontaram como nome certo para o cargo mais importante da comunicação entre os Poderes Executivo e Legislativo. Outro nome vindo do Rio e que se destaca no noticiário atual é o de Rodrigo Maia, filho do ex-prefeito carioca César Maia, que foi homem de confiança da economia do socialista moreno Leonel Brizola e depois enveredou pela carreira solo à direita editando um blog que dá o que falar. Expoente do DEM, Rodrigo elegeu-se presidente da Câmara e, nessa condição, tornou-se importante articulador das vitórias consagradoras do presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados. De 17 de maio, quando foram publicadas as estripulias presidenciais, pareceu tomar gosto pela hipótese de presidir a Republica, mas teve seus ânimos contidos pela mãe, Mariángeles Maia, que o advertiu que não deveria trair o chefe e ocupante do lugar que ele ambicionava. Caiu em desgraça, mas logo, ao compreendeu que seu papel era outro, tornou-se eminência parda da República da mochila. Nos últimos meses foi a maior garantia da permanência de Temer, não pelo lado positivo, mas pelo negativo: a direita financeira, o chamado mercado, nunca admitiu que ele viesse a substituir Temer, considerando-o pouco o confiável. Quis o destino que agora fosse uma eminência parda do jogo federal, fazendo o papel que o gaúcho Pinheiro Machado desempenhou na Republica Velha no governo do Marechal Hermes da Fonseca. O condestável da República do Jaburu está agora indicando o novo ministro das Cidades para o lugar de outro tucano, Bruno Araújo, para gerir um dos maiores sonhos de consumo em matéria de verbas orçamentárias da Esplanada dos Ministérios. Alexandre Baldy, o indicado, saiu dos ermos de Goiás, tendo emergido do relatório da CPI protagonizada pelo conterrâneo Carlinhos Chacoeira, bicheiro e figurinha carimbada no escândalo em que caíram o símbolo maior da hipocrisia nacional, Demóstenes Torres, e Valdomiro Diniz, o crupiê da roleta manipulada por José Dirceu logo no alvorecer da era petista da limpeza dos cofres da viúva. Baldy emerge do ostracismo para desempenhar um lance ousado: já que o Planalto não aventava sua nomeação, ele mesmo anunciou em sua rede social. Agora se sabe que é primo do poderoso marqueteiro de Temer e homem de confiança de Maia Elsinho Mouco. Isso tudo no momento em que o País angustiado acompanha a agonia do estado de direito no Estado do Rio, praça da roubalheira do godfather Sérgio Cabral e seus três mosqueteiros Picciani, Albertassi e Melo. Deus nos acuda.

Isso no momento em que Raquel Dodge, diz ao STF que Rio é 'terra sem lei' e a procuradora-geral entra com ação no Supremo Tribunal Federal para suspender resolução da Assembleia Legislativa que revogou, na sexta-feira, 17, os decretos de prisão dos deputados Jorge Picciani, Edson Albertassi e Paulo Melo, todos do PMDB?

É o que relata reportagem publicada no Estadão hoje com assinatura de Rafael Moraes Moura e Breno Pires, direto de Brasília.

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A procuradora questiona a fundamentação da resolução da Alerj, que menciona o julgamento do STF no mês passado sobre a aplicação de medidas cautelares a parlamentares - diversas da prisão - para embasar o texto de revogação da detenção dos deputados estaduais do Rio.

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Para Raquel, ao contrário do que presumiu a Alerj, a decisão do STF naquele caso é "inaplicável" à decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) que determinou a prisão de Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi. Naquele julgamento, os ministros do STF decidiram que a imposição de medidas cautelares - diversas da prisão - que dificultem o exercício regular do mandato de parlamentares deverá ser submetida ao aval da Casa Legislativa. Dodge ecoou palavras dos desembargadores do Rio, especialmente Abel Gomes, o relator do caso:

"A decisão do Supremo Tribunal Federal não pode ser aplicada por analogia aos deputados estaduais, nem a Suprema Corte autorizou a extensão de seus efeitos aos Estados e Municípios".

Para Raquel, a resolução da Alerj "afrontou" o princípio da separação dos poderes e o sistema federativo. Ela ecoou palavras dos desembargadores do Rio, em especial Abel Gomes, que foi implacável

SONORA 2211 GOMES

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O parecer de Dodge relata com a precisão de uma boa reportagem a afronta da Alerj à Justiça e, portanto, ao estado de direito em geral e a cada cidadão brasileiro que preza a própria liberdade e seus direitos na atual democracia. O caso do Rio assemelha-se a um câncer que debilita o organismo democrático num Estado importante na Federação e pode avançar como uma metástase para o resto do País se o governo federal não intervier lá. Só que a intervenção arquiva as reformas, que o presidente quer fazer e depende de uma autoridade moral que Temer não tem.

Por falar na urgência das reformas, o que você nos tem a dizer sobre o retrato do Brasil feito pelo Banco Mundial, um País que gasta muito e mal e que terá de fazer escolhas duras para ajustar suas contas?

O documento divulgado pelo Banco Mundial ontemresulta de um estudo encomendado em 2015 - pelo então ministro da Fazenda Joaquim Levy - para propor medidas que reduzissem os gastos do setor público. O resultado foi um receituário liberal, com propostas que vão desde o congelamento do salário dos servidores ao fim do ensino superior gratuito.

Intitulado "Um ajuste justo", o relatório mapeia medidas que permitem enquadrar o gasto brasileiro à regra do teto de despesas - que impede que os gastos cresçam acima da inflação do ano anterior. Entre elas, estão também a revisão da Zona Franca de Manaus e do Simples Nacional, o fim das deduções de despesas com saúde no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), a revisão dos programas sociais e a redução das amarras do Orçamento federal.

O relatório antecipa, na prática, o debate econômico das eleições de 2018. E desde anteontem, logo depois do anúncio oficial, no Ministério da Fazenda, já provocou forte reação nas mídias sociais, principalmente por causa da proposta do fim da gratuidade nas universidades.

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No ano que vem, independentemente das articulações políticas, o País se verá diante de uma decisão crucial: ou corta os gastos de forma drástica e inédita nas últimas três décadas, ou corre o risco de interromper o crescimento. "Tem escolhas", disse o diretor do organismo no Brasil, Martin Raiser. "A macroeconomia tem maneiras de solucionar problemas que os políticos não solucionam." Para ele, é melhor enfrentar essa discussão agora com transparência.

As sugestões envolvem também um enxugamento de 1,29% do PIB nos gastos de Estados e municípios, elevando o potencial de economia a 8,36% do PIB. "O grande mérito do relatório é sistematizar o que já se sabe há muito tempo. O Brasil poderia estar fazendo muito mais do que gasta", avaliou o presidente do Insper, Marcos Lisboa. Para ele, a medida mais importante é a reforma da Previdência.

O banco calcula que a reforma economizaria o correspondente a 1,8% do PIB. "Trata-se de um mapa de como gastar menos e aumentar o desempenho das contas públicas", afirmou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Segundo ele, se houver consenso sobre as propostas, elas serão incorporadas à política pública.

Mas o condestável Maia não é tão otimista quanto o ministro:

SONORA 2211 MAIA

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É cruel e doloroso, mas absolutamente correto, justo e precisa ser levado em conta no debate eleitoral de 2018, muito embora eu pessoalmente não tenha muita esperança de que isso ocorra com o mínimo da serenidade exigida. Acredito mais na velha polarização nociva e na paixão ideológica desenfreada que tira o Brasil dos eixos e está nos levando ao abismo. O documento permite um diagnóstico realista do Brasil e toca nas distorções que impedem o País de avançar, mas quem lhe dá atenção?

A MP da reforma trabalhista já recebeu recorde histórico de emendas. Em que isso ajuda a melhorar a situação do trabalhador?

Mesmo sem os números fechados, já é possível dizer que o interesse dos parlamentares já superou a mobilização pela MP 793 - que trata do programa de refinanciamento de dívidas do setor rural - que registrou 745 emendas. Segundo Fernando Nakagawa, da sucursal do Estado em Brasília, a reforma trabalhista bateu recorde na mobilização de parlamentares no Congresso Nacional. A Medida Provisória 808 que altera determinações da nova Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) já recebeu quase 900 emendas, novo recorde histórico. Deputados e senadores da oposição e também da base governista propõem uma série de mudanças que vão desde ajustes na redação do texto até a revogação total da reforma. Entre as emendas, há sugestão de um novo sistema de financiamento sindical e regras para garantir um salário mínimo ao trabalhador intermitente.

Às 20h15 de ontem, 21, último dia para o recebimento de emendas, o sistema do Congresso Nacional registrava 882 emendas à MP 808. A inclusão de emendas é encerrada à meia-noite e o número final de emendas será conhecido daqui a pouco.

Mesmo sem os números fechados, o interesse dos parlamentares já superou a mobilização pela MP 793 - que trata do programa de refinanciamento de dívidas do setor rural - que registrou 745 emendas, o antigo recorde do Congresso Nacional. Entre as quase 900 emendas, há sugestões radicais como a do senador Paulo Paim (PT-RS), que pede a revogação de toda a reforma e pede o restabelecimento da redação anterior da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) aprovada em 1943.

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A reforma trabalhista é a jóia da coroa do governo Temer, mas o próprio presidente encarregou-se pessoalmente de jogar no lixo o esforço monumental e brilhante do relator Rogério Marinho, do PSDB do Rio Grande do Norte, que punha o Brasil no concerto mundial contemporâneo das relações trabalhistas com sua mistura de frouxidão e esperteza que resultou nesse mostrengo de aparência inadministrável. De dar dó.

SONORA Metal contra as nuvens Legião Urbana

 

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