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Direto ao assunto

Basta de lenocínio político!

Relatório histórico de Arantes e placar do impeachment no Estadão reforçam poder do cidadão

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Por José Neumanne
Atualização:
 Foto: Estadão

 

Quinta-feira 7 de abril de 2016

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Ultimamente, tenho acordado muito cedo para comentar política ao vivo no Estadão no ar, na Rádio Estadão (FM 92,9). Vindo de casa para o jornal, aproveito sempre a luz mais tênue do Sol e o prenúncio ainda não totalmente confirmado do calor senegalesco deste falso outono para pensar no que vou dizer. O relatório de Jovair Arantes na comissão do impeachment ontem me lembrou que a interrupção do mandato de um  presidente eleito pelo povo é um processo lento e cuidadoso, uma espécie de corrida de obstáculos, no qual as barreiras têm escala ascendente de dificuldade e superação. Ontem, foi superada a mais baixa de todas. Mas os atores não dizem que as estreias são os espetáculos mais difíceis de enfrentar? Então, as previsões não são tão positivas para a consecução do projeto de não largar o osso da insana presidente e este não parece mais tão fácil, como ela e seus áulicos percevejos imaginavam. No entanto, será útil lembrar a sabedoria tosca dos técnicos de futebol que, quando ganham um jogo importante, mas não a final do campeonato, recorrem ao um dos chavões mais repetidos do noticiário esportivo: "ainda não ganhamos nada". Batata! No futuro, quando se contar a história destes idos de abril, quem sabe maio, será justo atribuir um lugar de relevo para o relator, por ter trazido ao debate irracional de violentas torcidas organizadas de Fla-Flu dos últimos dias um inesperado toque de racionalidade no meio do charivari caótico generalizado. Primeiramente, ele lembrou que aquela era a primeira rodada do primeiro turno do torneio, avisando que tudo será, no fim, decidido pelo Senado. Portanto, calma, Bete, devagar, que a santa é de barro duro e, ao que parece nem muito santa é, coitados de nós! E mais: ao observar rigorosamente o figurino imposto Supremo Tribunal Federal (STF), Arantes joga na lata de lixo da História a defesa, que só não é a mais estapafúrdia já empreendida na história deste País porque, como lembrou ele, Collor já tinha apelado para o mesmo truque de espernear antes de cair. Lembrou ainda que esta falsidade já tinha sido demolida pelo relator em 1992, Nelson Jobim, que hoje, depois de ter sido presidente do STF e ministro nos governos Fernando Henrique, Lula e Dilma (e de mais não foi só porque não houve), tornou-se uma espécie de jurisconsulto de orelha do Jararaca & Ratão, às voltas com a lei. Tudo nos conformes, como dantes no quartel de Abrantes e no Supremo Parcial Federal, cada dia mais contestado na República.

Há, é claro, diferenças entre o que ocorreu com o Carcará Sanguinolento do Mundaú e o que está rolando agora. Não há mais a unanimidade, como havia antes. O Supremo não é mais tão neutro como já foi. Nem tão recatado. Recato, aliás, é conceito que não se empregamais em nenhum dos três Poderes. Com ajuda de Lula, homiziado no hotel ao lado para fugir da justa, a Vácua Insana Dilmotril transforma o brechó de quinta, que já instalara no Palácio do Planalto, numa "casa de recurso", expressão usada antigamente em Campina Grande para definir valhacoutos de casais clandestinos antes da abertura dos motéis, no tempo em que o adultério era de mais difícil consumação. Esta nova forma de lenocínio político conta com a aprovação tácita do Legislativo e do Judiciário, ambos já comprometidos com a divisão, movidos pelo vil metal ou pela febre ideológica. O Conúbio Nacional é conduzido por dois suspeitos de alta traição à Pátria por corrupção bilionária. O STF, suspeito de praticar surpreendente parcialidade surpreendente e injustificável,se deixa inocular pelabactéria da celebridade instantânea, que corrói sua legitimidade e, em consequência, compromete sua autoridade.

A nova consciência popular de seus direitos e deveres de cidadania, contudo, provocaram mecanismos inéditos para que se manifeste a vontade da plebe. Nosso Estadão inventou um: o placar do impeachment. Nele, diariamente, cada brasileiro sabe qual é a posição de seu deputado a respeito do único assunto que interessa na Nação, que berra na Maldita de Curitiba e no Ponto Cem Réis, em João Pessoa: o método indolor e legal de expelir a "chefa" de governo mais incompetente, atrabiliária e desbocada da história da República. Com as páginas do jornalão na mão, o leitor e eleitor poderá cobrar a infidelidade de seus representantes que não o representam. Ou incentivar os votos favoráveis à retirada do desgoverno infame da ponte de comando do país que naufraga, pois, afinal, é difícil resistir às tentações do bolso vazio numa crise do tamanho desta, que os bandidos da organização criminosa mais cínica da História produziram.

Este pensamento é meu presente do dia para quem se dispõe a vivê-lo de forma proativa e construtiva. Agarre-se ele.

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