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O "companheiro" Maluf, ou o que Stálin tem a ensinar

As acrobacias retóricas que os petistas estão fazendo para justificar o aperto de mão entre Lula e Maluf, nos jardins da casa daquele que um dia foi o maior inimigo do PT, talvez sejam piores do que a aliança em si. "O Brasil mudou", disse o presidente do PT, Rui Falcão, referindo-se à parte do Brasil que se contenta com uma geladeira nova e, por flagrante ignorância, não está nem um pouco preocupada com o que fazem em seu nome, muito menos com a desmoralização da política. Como a demonstrar que nem todo o Brasil mudou, porém, José Dirceu, em seu blog, ordenou que os militantes petistas indignados (parece que eles existem, sim) discutam a questão na "coordenação e na direção política da aliança e da campanha de Fernando Haddad". Ou seja, no melhor estilo do centralismo democrático, o comissariado petista não quer que os companheiros exponham sua vergonha em público, para, nas palavras de Dirceu, não "dar chumbo ao adversário".

Por
Atualização:

Esse contorcionismo lembra muito o que os comunistas foram obrigados a fazer, por dever partidário, para justificar o pacto entre Stálin e Hitler em 1939 - talvez o momento mais infame da história da diplomacia mundial.

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Stálin achava que estava ganhando tempo - pelo menos é isso o que os stalinistas festivos alegam até hoje, para dizer que o pacto foi um movimento brilhante do Chefe da Humanidade Progressista. Na verdade, o que os stalinistas não dizem é que, por conta do pacto, Stálin, o Esperto, facilitou de tal maneira a vida de Hitler que a marcha nazista só foi interrompida às portas de Moscou. Logo, como se vê, quem ganhou tempo com o acordo foi Hitler, e não Stálin.

Não se trata de comparar o pacto entre Stálin e Hitler, pivô da Segunda Guerra Mundial, com a aliança "estratégica" entre Lula e Maluf por um punhado de minutos eleitorais na TV, porque uma coisa obviamente não tem nada a ver com a outra. Trata-se apenas de lembrar que a esperteza, quando é grande demais, engole o esperto.

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