Esse contorcionismo lembra muito o que os comunistas foram obrigados a fazer, por dever partidário, para justificar o pacto entre Stálin e Hitler em 1939 - talvez o momento mais infame da história da diplomacia mundial.
Stálin achava que estava ganhando tempo - pelo menos é isso o que os stalinistas festivos alegam até hoje, para dizer que o pacto foi um movimento brilhante do Chefe da Humanidade Progressista. Na verdade, o que os stalinistas não dizem é que, por conta do pacto, Stálin, o Esperto, facilitou de tal maneira a vida de Hitler que a marcha nazista só foi interrompida às portas de Moscou. Logo, como se vê, quem ganhou tempo com o acordo foi Hitler, e não Stálin.
Não se trata de comparar o pacto entre Stálin e Hitler, pivô da Segunda Guerra Mundial, com a aliança "estratégica" entre Lula e Maluf por um punhado de minutos eleitorais na TV, porque uma coisa obviamente não tem nada a ver com a outra. Trata-se apenas de lembrar que a esperteza, quando é grande demais, engole o esperto.