A mágoa lulista, reação mais apropriada a uma criança mimada do que a um chefe de Estado, não levou em conta que o Conselho de Segurança da ONU inclui um emergente, a China, e aprovou as sanções porque Teerã não deu garantias de que sua palavra valia alguma coisa. As reincidentes mentiras contadas pelos iranianos acerca de seu programa nuclear deveriam bastar para que o governo brasileiro não fosse tão crédulo a respeito das intenções da república islâmica. Mas Lula, então como agora, estava mais preocupado em alimentar a busca inconseqüente de um suposto prestígio internacional do que em aceitar as responsabilidades de potência, o que inclui punir quem deve ser punido.
Por outro lado, Lula acertou ao dizer que "é preciso envolver outros países para negociar a paz no Oriente Médio", e não apenas os EUA. Quanto mais ampla e variada for a pressão para que israelenses e palestinos dialoguem, menor será a hipótese de que esses atores se escorem em interesses menores e particulares para fugir a sua responsabilidade histórica.
Contudo, o envolvimento efetivo nesse tipo de negociação pressupõe um grau de poder maior do que o Brasil dispõe hoje - e isso inclui aceitar a "perspectiva de sacos de corpos retornando ao Brasil", como teria dito o general Jorge Armando Félix, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, segundo o registro diplomático americano vazado pelo WikiLeaks. Não há como reivindicar a liderança sem estar pelo menos disposto a se envolver diretamente nos conflitos, se for o caso.