"Há algo sobre o elitismo que diz que, se você nasceu na família certa, você irá à escola certa para perpetuar a glória da família. Ir a uma escola de elite é uma extensão natural disso", diz Hong Huang, enteada de Qiao Guanhua, que foi chanceler de Mao. Ela fez parte de uma das primeiras gerações dos chamados "princelings"- os "príncipes herdeiros", isto é, os filhos dos líderes comunistas chineses - que foram estudar nos EUA.
Ou seja, existe uma presunção, entre esses privilegiados burocratas, de que a vanguarda comunista deve ter mais do que os outros chineses. Embora as universidades chinesas tenham melhorado muito, e várias delas competem de igual para igual com as americanas, o que importa para a elite do país é matricular seus filhos nas caríssimas escolas dos EUA - como um insuperável sinal de status. Orville Schell, que dirige um comitê de relações sino-americanas em Nova York, resumiu tudo: "Na China, há um grande fascínio com marcas: assim como eles querem vestir Hermès ou Ermenegildo Zegna, eles querem ir para Harvard. Eles acham que isso os coloca no topo da cadeia alimentar". Houve o caso de uma "princeling" que gastou US$ 7.500 por um cursinho de 15 dias no MIT para executivos com "curiosidade intelectual", somente para poder botar o nome do prestigiado instituto no currículo.
O mais famoso "princeling" é Bo Guagua, filho de Bo Xilai, que se tornou uma estrela no Partido Comunista Chinês por defender o retorno aos ideais igualitários previstos na Revolução Cultural maoísta e por atacar a política econômica voltada para o mercado. Mas esses princípios não serviram para o filho. Bo Guagua levava uma vida de playboy quando estudava em Oxford e em Harvard, como dá para ver na foto abaixo. Como se sabe, Bo Xilai caiu em desgraça em março, num escândalo que misturou traição, espionagem e corrupção.
Bo Guagua: aprendendo muito nos EUA