Com apenas dois minutos na TV, a campanha de Marina quer evitar que ela passe o tempo todo na defensiva. Ciente dessa agenda negativa, o partido tenta blindá-la, escalando quadros do PSB para responder aos episódios, conforme relatou Ricardo Galhardo no Estadão hoje.
Independentemente da veracidade das acusações, Marina é a chefe maior da campanha, e os eleitores querem ouvir dela as explicações sobre as denúnciasenvolvendo o PSB, ainda que sejam "campanha difamatória dos adversários". Terceirizar o discurso é coisa da velha política tão criticada por Marina.
É claro que Marina tem sido alvo de uma onda de ataques dos adversários. Quem ameaça levar a eleição sempre vira vidraça. Em 2002, Lula cunhou a expressão "Lulinha Paz e Amor" que definia sua postura distante da agenda negativa protagonizada por Ciro Gomes e José Serra, que se engalfinhavam por uma vaga no segundo turno. Passou a campanha num pedestal porque naquele momento não havia nenhuma denuncia que pegava em cheio a campanha petista.
A situação de Marina é diferente. Dona do slogan da nova política e herdeira dos votos dos eleitores que estão cansados da polarização PT e PSDB, a candidata terá que explicar as polêmicas envolvendo o PSB. É o preço que paga por estar numa legenda tão convencional e pregar um discurso revolucionário. O PSB, assim como os demais partidos, faz a velha e tradicional política brasileira.
Colocar a cara para fora e responder às denuncias recentes pode dar sobrevida à agenda negativa da qual Marina quer sair. Mas é o ônus que ela deverá arcar se quiser manter a coerência entre discurso e prática. Vestir o figurino "paz e amor" neste momento é inaceitável.