"O Brasil se distanciou do seu passado autoritário há muito tempo, mas o mesmo não pode ser dito sobre a Rússia", disse José Miguel Vivanco, diretor da Human Rights Watch para as Américas, em comunicado enviado à imprensa hoje. "Existem problemas graves de direitos humanos no Brasil, mas o governo acolhe a participação da sociedade civil. A presidenta Dilma deveria instar Putin a fazer o mesmo", completou.
"Seria um erro grave a presidenta Dilma Rousseff ignorar a repressão na Rússia, pois esta viola os princípios básicos de direitos humanos que o Brasil adotou em sua legislação nacional e tratados internacionais", afirmou Vivanco. "Se o Brasil quiser ser levado a sério como líder em assuntos globais, não deveria ter medo de defender esses princípios ao lidar com governos que os desrespeitam."
A entidade apontou medidas que tiveram o respaldo do governo russo nos últimos meses e que, na avaliação da HRW, seriam tentativas de coagir a sociedade civil. Entre elas, destacou ações implementadas pelo Parlamento do país como a criminalização da difamação e a restrição ao conteúdo acessado na internet e à organização de assembleias públicas.
A HRW também falou das críticas do governo às organizações sociais e a estrangeiros e de medidas tomadas em novembro, segundo as quais organizações não governamentais dedicadas ao trabalho de advocacia e que recebam recursos de fora do país identifiquem-se como "agentes estrangeiros" - para a entidade, uma forma de "demonizar" ONGs.
Entre as questões levantadas pela entidade, estão a prisão e o julgamento das integrantes da banda russa Pussy Riot. Em março, três artistas da banda foram presas por fazer críticas ao governo russo numa igreja cristã ortodoxa. Duas foram condenadas a dois anos de prisão.