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Estratégias eleitorais, marketing político e voto

Armistício ou guerra

Com um cenário de segundo turno indefinido, as campanhas de Dilma, Marina e Aécio se dividem entre declarar guerra aos adversários ou adotar um armistício

Por Julia Duailibi
Atualização:

A três dias das eleições e com um cenário de segundo turno indefinido, as campanhas de Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) se dividem entre declarar guerra aos adversários ou adotar um armistício, de olho na construção de pontes para o segundo turno. Nada indica, porém, que haverá uma suspensão da pancadaria nos próximos dias, inclusive no debate da TV Globo, hoje à noite.

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O massacre que se viu no mês de setembro e que tinha como alvo a candidatura de Marina, promovida por uma "parceria" entre tucanos e petistas, é provavelmente o maior responsável pela queda da candidata do PSB nas pesquisas - é possível também que parte do derretimento dela tenha relação com um realinhamento do eleitorado depois da super exposição na esteira da morte de Eduardo Campos.

Em razão disso, Aécio deve continuar na sua intifada contra Marina, colando nela o passado petista, mas sem deixar de bater em Dilma, com o objetivo de levar os votos anti PT. O tucano ainda está atrás da candidata do PSB nas pesquisas, inclusive nas do seu partido. Cerca de dois pontos porcentuais, nas do PSDB; nas do PT, feitas por telefone hoje, quatro pontos porcentuais. No Datafolha divulgado nesta quinta-feira, ele aparece numericamente atrás de Marina, mas em empate técnico: tem 21% das intenções de voto contra 24% de Marina. No Ibope de hoje, porém, ele mantém 19% contra 24% da candidata do PSB.

Na campanha do tucano, a avaliação é a de que ele precisa avançar nos votos que estão com Marina e qualquer negociação deve ser feita apenas no segundo turno. "Não dá para pensar em armistício agora. Temos que passar para o segundo turno no lugar da Marina", disse um integrante do QG de Aécio. 

Os institutos, entretanto, mostram perda de musculatura contínua da candidata do PSB e certo crescimento de Aécio, como no caso do Datafolha. O problema, para alguns tucanos, é que cada nova pancada em Marina não resulta necessariamente em uma enxurrada de votos para Aécio. Tendo em vista que o cenário atual já mostra perda constante de votos por parte da candidata do PSB, intensificar o tom das agressões pode trazer riscos para o PSDB ao aumentar o número de indecisos e de votos para Dilma, o que favorece o cenário de fim da eleição já no primeiro turno.

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Marina, por sua vez, tem Dilma como alvo prioritário nestes últimos dias - Aécio está num segundo plano para a campanha pessebista. Em busca de uma polarização com a petista, ela resolveu aderir ao discurso mais crítico na reta final na tentativa de se posicionar como "a" adversária do PT.

A petista, que lidera com folga as pesquisas, é quem suavizará o tom. Será a única a buscar paz - pelo menos agora. No PT, há dúvidas sobre quem é o melhor adversário de Dilma num segundo turno. Há quem defenda não bater mais em Marina, para que a candidata passe cambaleante à segunda fase da eleição, quando seria mais fácil eliminá-la. Outros petistas, porém, acham que Marina pode ganhar uma sobrevida e é uma adversária imprevisível, diferentemente do PSDB, que já seria "freguês do PT" desde 2002.

Com um cenário tão indefinido, os ajustes nas artilharias das campanhas serão feitos dia a dia. Um pouco na intuição, um pouco no teste, e sem nenhuma certeza.

 

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